Dez meses depois de se entregar à polícia durante a ocupação do Complexo do Alemão, o ex-traficante Diego da Silva dos Santos, de 26 anos, é a nova promessa das passarelas. Com 75 kg distribuídos em 1m85 — e 42 cm de braço, como ele próprio detalha — Mister M, como ficou conhecido, pode até começar a carreira pelo São Paulo Fashion Week, maior evento de moda do país, em janeiro de 2012.
— Espero que dê tudo certo, né? Porque bonito eu já sou — gaba-se o negro, com enorme sorriso, completando que não abre mão da malhação, de cremes no rosto e até depilação na axila.
Como o EXTRA mostrou ontem, Diego vestia uma camisa pólo da grife Reserva, quando foi levado para a delegacia pela mãe. Na época, o empresário Rony Meisler se assustou ao saber que o então traficante vestia a sua marca.
— A primeira impressão foi susto. Mas depois vi que é uma consequência lógica de uma marca que desperta o desejo. Foi o que aconteceu com o Diego, ele só queria se vestir bem. Ainda não sei como vamos usá-lo, mas ele com certeza vai ser símbolo do selo AR, que está sendo lançado pelo AfroReggae — relembra Rony, não descartando o desfile na semana de moda paulista.
De acordo com o coordenador da ONG, José Júnior, o objetivo é valorizar a sensibilidade de artista de Diego. Preso por associação para o tráfico, ele ficou nove meses em Bangu 3 e foi absolvido. Agora, além da carreira de modelo, está aprendendo a editar vídeos. Com a carteira assinada, vai ganhar em torno de R$1 mil por mês.
— Ele tem uma vibe diferente. De todos que eu tirei do tráfico (são pelo menos 2 mil com carteira assinada), ninguém é como o Diego. Todo mundo merece uma chance, claro, mas ele merece muito! Essa vida marginal não está no DNA dele — garantiu.
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