sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Mãe doa parte do fígado para salvar a vida da filha

O transplante foi um sucesso e, hoje, Sofia, com 10 anos, leva uma vida normal
  Raoni Maddalena

Aqui na redação, adoramos receber cartas e e-mails dos leitores. Mas, na semana passada, uma delas nos chamou a atenção. Quem nos escreveu foi a empresária Regina Miranda, 41 anos. E a história que emocionou a todos da CRESCER, você confere agora: Após uma gravidez saudável e tranquila, a empresária Regina Miranda, 41 anos, deu à luz a filha Sofia, hoje com 10 anos. A criança nasceu com 3,420 kg e 51 cm e tudo parecia bem. Os médicos até comentaram sobre a possibilidade de uma icterícia. Após um mês, no entanto, Sofia ainda apresentava a pele e os olhos amarelados. Além disso, a barriga estava inchada e as fezes amarelas.LEIA MAIS: Saiba o que acontece nas primeiras 24 horas de vida de um bebê. Para descobrir o que a filha tinha, Regina levou Sofia em cinco pediatras. Durante esse tempo, a empresária leu uma reportagem na CRESCER sobre doenças hepáticas, e acompanhando a história do personagem, identificou ali, todos os sintomas de sua filha.


.Arquivo Pessoal
Com 60 dias, Sofia fez seu primeiro exame de sangue. E, diante do resultado com tamanha alteração, o laboratório solicitou a repetição para checar se estava tudo certo. “Eu já sabia do que minha filha sofria”, diz Regina. O pediatra recebeu o exame e avisou à mãe que Sofia tinha umproblema no fígado e encaminhou-a para um especialista infantil. 

Regina conseguiu uma consulta para o mesmo dia e ouviu o diagnóstico: atresia de vias biliares, uma doença causada pela obstrução congênita das vias biliares extra-hepáticas. Ou seja, o fígado da pequena Sofia não filtrava as substâncias secretadas pelo organismo. O próximo passo era uma cirurgia urgente para refazer os dutos, mas havia uma chance de apenas 20% de sucesso. Infelizmente, não deu certo e, então, a criança só tinha mais uma esperança: umtransplante. Com três meses de vida, Sofia já estava na lista à espera de um órgão.

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Enquanto isso, Regina fez tudo o que pôde para salvar a vida da filha. Assim que recebeu o diagnóstico da doença, ela teve que parar de amamentar e começar uma alimentação isenta de qualquer tipo de gordura. Mesmo assim, a comida, importada da Holanda, causava um enorme mal-estar durante a digestão e Sofia nunca queria comer. No hospital, todas as crianças com problemas hepáticos usavam uma sonda para ser alimentadas. “Contra tudo que eu sempre sonhei, eu tive que alimentar minha filha enquanto ela dormia. Era um caso extremo e só assim consegui que Sofia não usasse a sonda”, conta.
.Arquivo Pessoal
Após um ano e oito meses, Sofia acordou uma manhã vomitando sangue. “Eu já sabia que este era um sinal do fim. Vomitar sangue significa que houve a formação de varizes no esôfago, uma das piores complicações da doença”, diz Regina. Sofia precisava de um transplante e urgente! 


As esperanças em torno da fila de espera acabaram. Regina já sabia que reunia todas as características de uma possível doadora: era uma pessoa saudável (ela era atleta), com o mesmo tipo sanguíneo, sem nenhum tipo de doença crônica. A decisão estava tomada. A doadora do fígado de Sofia seria sua mãe.
.Arquivo Pessoal
A cirurgia foi marcada para o dia 16 de agosto de 2002. Regina ficou durante 10 horas no centro cirúrgico e doou o lobo esquerdo do órgão para a filha. O fígado é dividido em lobos, sendo o direito pelo menos duas vezes maior que o esquerdo - e é o único órgão do corpo humano capaz de reconstituir até 75% de seus tecidos. 


A operação de Sofia foi ainda mais longa - durou 14 horas - e como um milagre, na manhã seguinte, ela acordou bem e já queria comer. “Pela primeira vez, vi minha filha ter apetite, querer comer. Ela andava pelo quarto pedindo a mamadeira”, conta Regina, emocionada.
.Arquivo Pessoal
Para o tempo passar, durante os 15 dias que ficaram no hospital, a família improvisou. Tinha tinta guache, fantoches, cabana e até videocassete para assistir aos desenhos preferidos.
A recuperação de Regina também foi um sucesso e um mês depois, ela voltou a correr. Hoje, com 10 anos, Sofia tem uma vida normal. Faz balé, vôlei e patinação. Enquanto eu conversava com sua mãe, ela chegou saltitando e com um sorriso lindo no rosto. Perguntei se ela se lembrava dessa história, já que tinha apenas 2 anos, e ela balançou a cabeça, negando. O olhar de Regina para a filha não deixa dúvida de que todo o esforço valeu a pena.







Fonte: Globo.com

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