terça-feira, 30 de novembro de 2010

O Conselho Tutelar de Itapetinga estará em Bandeira

O conselho Tutelar de Itapetinga fará atendimento em Bandeira do Colônia dia 03/12/2010, apartir das 08:00h ás 12:00h. O atendimento será na sede da administração. Qualquer dúvida ligue para o Conselho Tutelar (77) 3261-8335. Atenderemos 2 (duas) sexta-feiras de cada mês e brevemente atenderemos  das 08:00h as 12:00 e das 14:00 as 17:00h.

Conselho Tutelar de Itapetinga

Conselho em reunião

O Colegiado do Conselho Tutelar se reuniu nesta Segunda-feira dia 29/11/2010, para tratar de assuntos referente a crianças e adolescentes, projetos estão sendo elaborados para envolver todos que tem o dever de zelar pelos direitos das Criança e dos Adolescentes. Breve será divulgado neste blog.

Denuncia de violência contra a criança ou adolescente ligue 197 policia civil ou ligue para o Conselho Tutelar (77) 3261-8535.

Conselho Tutelar de Itapetinga

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Negligência

Foto de arquivo pessoal do Dr. Lauro Monteiro

Negligência

Ato de omissão do responsável pela criança ou adolescente em prover as necessidades básicas para o seu desenvolvimento.

Negligência com crianças é maltrato e deve ser punida.

Os números relativos às denúncias de maus-tratos contra crianças no Brasil mostram que a negligência da família com suas crianças está em primeiro lugar. Seguem-se os maus-tratos físicos, a seguir, o abuso sexual e por fim os maus-tratos psicológicos. Também entre as freqüentes denúncias de maus-tratos que chegam por e-mail ao Observatório da Infância, a negligência está em primeiro lugar. A participação dos vizinhos ou membros da família nas denúncias é o fator que mais influencia essa classificação.
Raramente alguém denuncia os maus-tratos psicológicos, talvez os mais freqüentes e que tantos dados causam à criança. O abuso sexual ocorre entre quatro paredes e o conhecido muro do silêncio impede que haja a denúncia e que as crianças sejam protegidas.
Os maus-tratos físicos, que em algumas pesquisas encontram-se em primeiro lugar, geralmente deixam marcas evidentes, ao contrário do abuso sexual e do maltrato psicológico, mas a indiferença dos vizinhos e seguramente da escola, dificultam a denúncia e muitas vezes as crianças chegam aos hospitais com lesões graves e cicatrizes antigas de violências há muito praticadas. Algumas chegam mortas.
Os casos de negligência da família nos cuidados indispensáveis com suas crianças é o mais percebido e o mais denunciados: crianças abandonada ou semi-abandonadas em casa, sujas, sem nenhum cuidado higiênico, que não vão à escola, que ficam doentes e não são tratadas, que não recebem a vacinação básica obrigatória, que são levadas às ruas para serem exploradas pelos pais, crianças que sofrem "acidentes", que são na realidade formas evidentes de negligência. Muitas vezes a negligência é do próprio Estado, que não cumpre o seu dever de proteger as crianças e punir os agressores. Enfim, é enorme a lista dos atos de negligência praticados pelos próprios pais ou pelos governos.
Talvez umas das situações de negligência dos pais com conseqüências mais graves para as crianças seja o abandono de crianças sozinhas em casa. Tudo pode ocorrer: "acidentes" graves, raptos, fugas, abusos sexuais. E, às vezes, o que ocorre é o pior. No Serviço de Pediatria do Hospital Municipal Souza Aguiar, no Rio de Janeiro, onde trabalhei 35 anos, muitas crianças morreram ou tiveram alta com graves seqüelas físicas e emocionais em razão de queimaduras extensas e profundas causadas por incêndio nas casas onde moravam. Estavam sozinhas.
O jornais de hoje noticiam que na cidade de Nepomuceno/MG, ocorreu uma tragédia que é relativamente freqüente. A mãe deixou os quatro filhos, com idade entre 2 e 9 anos, sozinhos em casa, com uma vela acesa, o que causou um incêndio na casa. As crianças menores tiveram queimaduras graves de segundo e terceiro graus. A de 9 anos conseguiu se defender e foi menos atingida. A mãe deixou os filhos em casa para ir a um rodeio. Infelizmente, apesar de não ter sido a primeira vez que essas crianças foram abandonadas em casa, essa mãe não foi punida e tampouco perdeu a guarda dos filhos, apesar de três vezes detida, e as crianças não foram protegidas.
Nesse caso, como tudo indica, além da negligência da mãe, também o Estado se omitiu e negligenciou.

Lauro Monteiro                     Observatório da Infância 
Editor

Conselho Tutelar de Itapetinga

domingo, 28 de novembro de 2010

Participação Infântil

Envolve encorajar, estimular e permitir que as crianças expressem suas opiniões sobre os assuntos que lhe afetem. Na prática, significa que os adultos devem escutar as crianças e, mais do que isso, considerar as suas opiniões. Engajar as crianças no diálogo e troca permite que elas aprendam formas construtivas de influenciar o mundo ao redor delas. A participação deve ser autêntica e significativa e deve começar com as próprias crianças e adolescentes, com suas expressões, forma de pensar, sonhos, idéias, esperanças... Isto requer, na maioria das vezes, uma mudança radical no comportamento e modo de pensar dos adultos.
Participação infantil é importante porque:
  • Pode contribuir para sua formação e para o desenvolvimento de valores, atitudes, habilidades e capacidades para o exercício da cidadania e para a atuação social desde a infância.
  • É uma forma concreta de se reconhecer os direitos da criança, sua condição de sujeito social.
  • Contribui para o processo de socialização da criança.
  • Facilita a convivência entre pais e filhos na família, assim como a execução dos projetos e programas sociais que trabalham para e/ou com crianças.
  • Garante o reconhecimento social das crianças e adolescentes e promove o desenvolvimento da sua consciência coletiva como grupo social.
Promover a participação infantil encontra obstáculos e desafios porque:
  • Há difundida na sociedade uma visão de infância que enxerga a criança como um objeto, propriedade dos pais, que recebe de forma passiva, como um receptáculo vazio, os conhecimentos passados pelos adultos.
  • As relações entre adultos e crianças tendem a ser assimétricas e autoritárias (adulto X criança).
  • Há ausência de políticas públicas que facilitem a participação de crianças, especialmente nas esferas de decisão (dentro da família, da escola, da comunidade, etc), bem como o limitado apoio governamental às iniciativas de crianças e adolescentes.
  • Inexistência de canais de participação nas estruturas e espaços de socialização em que as crianças atuam.
  • Adotam-se enfoques e estratégias metodológicas equivocadas/inadequadas de programas e projetos que não favorecem a participação das crianças e adolescentes.
  • Faltam recursos humanos capacitados para encorajar processos participativos.
Vantagens da participação infantil para a criança:
  • Há difundida na sociedade uma visão de infância que enxerga a criança como um objeto, propriedade dos pais, que recebe de forma passiva, como um receptáculo vazio, os conhecimentos passados pelos adultos.
  • Ajuda o desenvolvimento de melhores níveis de auto-estima, segurança, autonomia, domínio de habilidades sociais
  • Promove o desenvolvimento de capacidades de expressão de sentimentos e idéias.
  • Melhora a capacidade de inter-relação pessoal, o diálogo com o adulto, o tratamento de conflitos, a elaboração de propostas, a percepção da sua realidade e senso crítico.
  • Contribui para reforçar a integração social das crianças.
  • Reforça os valores de solidariedade e democracia.
  • Desenvolve habilidades para assumir responsabilidades.
  • As crianças e os adolescentes obtêm maior conhecimento sobre seus direitos.
Vantagens da participação infantil para a família:
  • Possibilita a construção de canais de diálogos fortalecendo a relação entre pais e filhos.
  • Promove uma maior confiança e respeito entre pais e filhos.
  • Possibilita que os pais conheçam mais sobre como seus filhos se sentem e pensam.
  • Promove o estabelecimento de regras de convivência junto com os filhos.
  • Possibilita o maior cumprimento das regras de convivência em casa e fora dela.
  • Promove um ambiente familiar mais eqüitativo entre todos os seus membros.
Vantagens da participação infantil para a sociedade:
  • Promove relações mais eqüitativas entre adultos e crianças
  • Influem nas visões dos adultos e das próprias crianças.
  • Cria condições para uma presença maior das crianças e dos adolescentes nas organizações e instituições comunitárias.
  • Gera maior apoio governamental às iniciativas das crianças eadolescentes.
  • Forma as crianças para o exercício de sua cidadania e liderança.
  • Contribui para o desenvolvimento de mecanismos que garantem que as crianças sejam ouvidas e que sua opinião seja levada em consideração.

    Não Bata, eduque

    Conselho Tutelar de Itapetinga

sábado, 27 de novembro de 2010

Dicas de educação

O que fazer quando os conflitos familiares se convertem numa constante e explodem por qualquer motivo? Como assumir e expressar raiva, medo, frustração ou tristeza, sem ter a impressão de colocar em risco o amor e a confiança? Como formar e educar as crianças sem recorrer ao castigo físico?

Estratégias de educação positiva são aquelas formas educativas que não utilizam a violência física e psicológica e que promovem o desenvolvimento físico, emocional e social dos filhos de forma saudável e participativa.

Educar não é nada fácil. Depois de um dia inteiro de problemas, mães e pais chegam em casa e precisam cuidar dos filhos. E as crianças querem atenção, nem sempre obedecem logo, pedem tudo. É muita pressão.
Nessa hora a palmada ou um tapinha de leve parecem uma boa idéia. Sem que a criança entenda direito, os mesmos pais que dão comida e beijinho de boa noite, de vez em quando aparecem com o chinelo na mão. Para não apanhar, as crianças passam a preferir a distância e o silêncio. Mentem para evitar brigas, escondem seus erros. Aos poucos, quase nada se resolve sem gritos ou ameaças. E o resultado disso é que as crianças, ao invés de respeitar os pais, ficam com medo deles.
Muitos pais apelam para a violência porque é comum acreditar que é a melhor forma de manter a autoridade e de proteger os filhos. Antigamente se achava que castigos físicos e humilhantes faziam parte da educação. Hoje, se sabe que não é bem assim. Existem formas carinhosas de educar que dão resultado. Reunimos aqui algumas dicas de educação que você pode aliar a estratégias específicas de educação positiva, para garantir ao seu filho um desenvolvimento pacífico, feliz e livre de violência.

1Se acalme. Respire fundo antes de chamar a atenção do(a) seu(ua) filho(a). Evite discutir os problemas sob o efeito da raiva, pois dizemos coisas inadequadas para a aprendizagem das crianças, que as magoam tanto quanto nos magoariam se fossem dirigidas a nós!

 2. Sempre tente conversar com as crianças, mantendo abertos os canais de comunicação.
Entender porque algo está acontecendo ao conversar com a criança é o primeiro passo para juntos vocês encontrarem a solução!

 3. Mostre à criança o comportamento mais adequado dando o seu próprio exemplo.
 
Beber suco diretamente da garrafa irá ensiná-lo que esse é um comportamento adequado. Assim como falar mal das pessoas depois de encontrá-las. Seu filho aprenderá muito mais com o seu exemplo do que com o que você diz a ele sobre o que é certo ou errado.
 
Isso vale também para os pequenos atos de higiene do cotidiano: escovar os dentes, lavar as mãos antes de comer, etc. É mais fácil para a criança criar e manter essa rotina se você também a realiza.

4. Jamais recorra a tapas, insultos ou palavrões.
Como adultos não queremos ser tratados assim quando cometemos um erro... Então não devemos agir assim com nossos filhos! Devemos tratá-los da maneira respeitosa como esperamos ser tratados por nossos colegas, amigos ou pessoas da família, quando nos equivocamos. As crianças são seres humanos como nós!

5. Não deixe que a raiva ou o stress que acumulou por outras razões se manifestem nas discussões com seus filhos.
Seja justo e não espere que as crianças se responsabilizem por coisas que não lhes dizem respeito.

6. Converse sentado, somente com os envolvidos na discussão.
Isso contribui para uma melhor comunicação. Mantenha um tom de voz baixo e calmo, segure as mãos enquanto conversam - o contato físico afetuoso ajuda a gerar maior confiança entre pais e filhos e acalma as crianças.

7. Considere sempre as opiniões e idéias dos (as) seus (as) filhos(as).
Afinal muitas vezes suas explicações pelo ocorrido não são nem escutadas. Tome decisões junto com eles para resolver o problema, comprometendo-os com os resultados esperados. Se o acordo funcionar, dê parabéns. Se não funcionar, avaliem juntos o que aconteceu para melhorar da próxima vez.

8. Valorize e faça observações sobre os aspectos positivos do comportamento deles (as).
Elogios sobre bom comportamento nunca são demais! Cuidado para não atacar a integridade física ou emocional da criança fazendo com que ela sinta que jamais poderá atender suas expectativas!
Ela colocou a roupa suja no cesto de roupas? Elogie. Assim como o desenho que a criança fez, o fato dela ter conseguido colocar a calça sozinha, o fato dela contar uma história para você ou colocar algo no lugar que você pediu.

9. Busque expressar de forma clara quais são os comportamentos que não gosta e te aborrecem.
Explique o motivo de suas decisões e ajude-os a entendê-las e cumpri-las. As regras precisam ser claras e coerentes para que as crianças possam interiorizá-las!

10. "Prevenir é melhor que remediar, sempre”. Gerar espaços de diálogo com as crianças desde pequenos colabora para que dúvidas e problemas sejam solucionados antes do conflito. Integrá-las nas atividades do dia-a-dia evita que tentem chamar a atenção por outros meios.
Você precisa fazer compras e terá que levar com você seu filho pequeno. Você pode deixá-lo ajudar nas compras; conversar com ele sobre o que está comprando – peça-lhe para falar o que ele acha de um determinado produto; se for uma criança mais velha, ela pode ter maior mobilidade e ir pegar outros produtos enquanto você está em outro setor do supermercado.

11. Se sentir que errou e se arrependeu, peça desculpas às crianças. Elas aprendem mais com os exemplos que vivenciam do que com os nossos discursos!

12. Procure compreender a criança e saber o que esperar dela na fase desenvolvimento em que ela se encontra.
Uma criança de 1 ano e meio já consegue se alimentar sozinha e este é um comportamento que deveria ser estimulado pelos pais e/ ou cuidadores. Mas eles devem ter paciência e, ao invés de se irritarem com a “lambança” que a criança irá fazer, estimulá-la a se alimentar por conta própria. Colocar um plástico ou jornais embaixo da cadeira que a criança está comendo torna mais fácil limpar o local depois da refeição.

13. Deixe as conseqüências naturais do comportamento inadequado acontecerem ou aplique conseqüências lógicas.

Conseqüência natural: a criança está brincando de maneira violenta com seus brinquedos. Você a avisa que ele pode se quebrar, mas ela continua a brincar da mesma maneira até que ele finalmente se quebra. Logo em seguida ela pede para você comprar outro. Neste momento, você deve relembrá-la do aviso que lhe foi oferecido e negociar com ela esta nova compra.

Conseqüência lógica: a criança não cumpre com o que foi acordado com os pais sobre xingar os irmãos. Ela, então, ficará no “cantinho do castigo” o tempo adequado para a sua idade.
 
Importante: conseqüências são diferentes de punições. Estas últimas machucam as crianças, fisicamente e emocionalmente deixando-as com raiva, inseguras e tristes. As conseqüências ensinam. Essa estratégia, no entanto, não deve ser usada quando significar submeter a criança a situação de perigo.

NÃO BATA, EDUQUE.
 

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

ACONTECEU ONTEM A 1ª MARCHA CONTRA O CRACK





Aconteceu na manhã de ontem a 1ª MARCHA CONTRA O CRACK, a caminhada saiu da Praça do Estádio Municipal Primaverão, mais de mil  pessoas estiveram presente nesta caminhada. O evento contou com a participação do Creas, Escolas de Itapetinga, Igreja Católica e evangélicas, Conselho Tutelar, Secretárias do Município, Policia Militar e Civil, Guarda Municipal, PROJOVEM, Cras, Preve, a iniciativa deste evento foi da Secretaria de Desenvolvimento Social e Coordenação do CREAS.
O Conselho Tutelar esteve presente neste evento, unindo forças com todos os Itapetinguenses para vencermos essa guerra. Droga nem pensar!
È apenas o começo de uma longa batalha a ser travada.


Conselho Tutelar de Itapetinga

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

É hoje a 1ª Marcha contra o crack

Foto: Itapetinga Agora





A 1º Marca contra o crack vai  sai da Praça do Estádio Municipal de Itapetinga em direção a Praça Deiry Walley (conhecida como Praça do boi), apartir das 08:00h.

Juntos vamos acabar com essa droga.

Conselho Tutelar de Itapetinga  

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Posso dar um start.

Foto: Itapetinga Agora




Você não é personagem de videogame e não tem vida extra.

Imagine que você tem uma vida extra. Você poderia extrapolar todos seus limites e recomeçar tudo, com moderação. Só que você não é personagem de videogame. Os estudantes Ana* e Fábio* descobriram isso a tempo. Pararam de usar crack antes do jogo terminar. Aluna de colégio particular da Capital, ela está há cinco meses limpa. Ele estuda em colégio público e está internado há 15 dias, em uma clínica da Capital. Os dois aceitaram responder a perguntas do Kzuka, por e-mail, para contar por que não vale a pena entrar nessa. 
Você sabia?
- 66% dos adolescentes dependentes químicos (drogas e ácool) têm outra doença associada, como depressão ou Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH)
- Há 4 anos, não havia nenhum usuário de crack hospitalizado no Hospital Mãe de Deus, na Capital. Hoje, eles ocupam 40% dos leitos
- Em um ano, 52% dos meninos viciados em crack que vivem nas ruas de São Paulo entrevistados pela Unifesp morreram

Kzuka – Quando você experimentou o crack, tinha noção do seu alto poder de destruição? 

Ana* – Sim, quando experimentei, todo mundo dizia isso, mas não levei muito em conta. Hoje, acho que até contou ser uma droga com mais poder de destruição, assim, eu seria mais eu. “Comigo o bicho não pega”, pensei.

Fábio* – Quando usei pela primeira vez, eu não sabia que fazia tão mal. Quando fui perceber, já estava viciado. Daí, fui saber a quantidade de porcaria que tem na pedra, gasolina, esmalte, cimento...

Kzk – Como a droga lhe foi apresentada? Seus amigos usam ou usavam?

Ana* – Eu tinha bebido e tava de olho no guri que me apresentou. Acho que isso diz tudo.

Fábio* – Fumava maconha diariamente. Um dia, resolvi misturar com a pedra porque me disseram que era melhor. Estava na casa de um amigo e saí para comprar. Virou diário o uso, fora de controle. Quase todos meus amigos usam, mas fumo sozinho. Eles ficam na rua, eu não. Acho que é por vergonha, medo de que meu pai me pegasse ou soubessem que eu era um drogado.

Kzk – Quando você experimentou drogas pela primeira vez? E álcool?

Ana* – Álcool com 12 ou 13. Maconha com 15. Aos 15 e 16, eu mandava ver cerveja nas festas. 

Fábio* – O crack eu comecei em 2008, mas, o álcool foi há muito tempo, aos 11 anos. O primeiro porre foi aos 14 anos.

Kzk – Como você se sente hoje? 

Ana* – Hoje, sei que poderia ter perdido o trem da vida. A sorte esteve do meu lado. Tô viva. Fisicamente, tô recuperada. Psicologicamente, ainda é difícil. Quando bate a fissura, ninguém me aguenta.

Fábio* – Quando eu usava a droga, me sentia bem. Resolvi um monte de problemas, me sentia legal. Depois, eu fiquei muito mal, muito fraco, comecei a destruir a família, eu mesmo. Agora que eu tô me tratando, tô me sentindo muito melhor, me recuperando.

Kzk – Como estão os estudos, chegou a interrompê-los? No colégio, sabem da sua situação?

Ana* – Atrasei a 3ª série do Ensino Médio, ano que usei crack. Matava muita aula no final, mas, este ano, sei que vou passar. Se meus pais não tivessem contado na escola sobre o crack, acho que só saberiam que eu usei drogas, e até aí, muita gente usa. Meus pais “botaram na roda”. Fiquei muito revoltada. Agora, acho que foi bom.

Fábio* – Eu não interrompi os estudos, só agora para me tratar. Mas piorei muito na escola. Quando usava drogas, as notas baixaram, não queria estudar. A escola sabe que eu tô me tratando, porque o pai levou um atestado, mas só alguns amigos meus sabem.

Kzk – Como se deu o início do tratamento? 

Ana* – Meus pais me levaram nuns quantos psicólogos e eu não aceitava. Diziam que era pra me internar à força. Como a Amy Winehouse, eu dizia “No, no and no”. Um amigo me levou pro grupo de Narcóticos Anônimos e deu certo.

Fábio* – Minha mãe me aconselhou. Depois que eles souberam, conversaram comigo, daí eu pensei bastante e resolvi me internar.

Kzk – Como seus pais ficaram sabendo que você usava a droga? 

Ana* – Meus pais dizem que foi um telefonema anônimo, mas eu negava, negava, negava. Até que não deu mais pra negar...

Fábio* – Eu escondia deles. Quando eu tava usando maconha, eles souberam por causa do cheiro e dos olhos vermelhos. Com o crack, começou a sumir coisas de casa. Eu tava levando dinheiro, calçados, roupa.

Kzk – O que diria para jovens da sua idade que nunca experimentaram crack? E para quem usa outras drogas e bebe exageradamente nas festas? 
Ana* – Nunca cheguem nessa parada. Atrasa tudo. Atrasa a vida. A cerveja ou outra bebida com álcool qualquer é uma roubada. Teria muito pra dizer, mas cada um cuida ou descuida da sua própria vida.

Fábio* – Eu diria que não é bom. Pensem duas vezes antes de usar. O cara perde o controle, pode achar que é forte, mas sempre perde o controle, destrói a pessoa, a família. A droga é muito ruim. Quando tu usa uma droga por bastante tempo, tu quer usar outra. Então, não usem nenhuma droga. Tu não precisas encher a cara para curtir uma festa.

Não dê o start nesse jogo:

Start Poucos começam no crack sem ter antes experimentado outras drogas, como maconha ou cocaína. Quem fuma um baseado de vez em quando e acha que está tudo bem, que a droga é inofensiva, está enganado. A verdade é que a maconha causa danos no cérebro, como perda de memória e dificuldade de expressão. Antes ainda, o exagero no álcool pode ser o primeiro passo da gurizada no mundo das drogas.

A experimentação 
Para ser considerado dependente químico, o usuário precisa apresentar uma crise de abstinência. Isso pode acontecer a partir da primeira vez, se mais de uma pedra for fumada. Normalmente, a droga é apresentada por amigos e atrai pelo baixo preço (uma pedra custa em torno de R$ 5). Antes do usuário perceber, já está cometendo pequenos delitos, em casa e nas ruas, para sustentar seu vício.

O tratamento 
Apoio familiar e força de vontade do paciente são fundamentais. Após a internação, é feita uma avaliação e tratamento com remédios – pra controlar a fissura – e psicoterápico individual ou em grupos, utilizando técnicas que desenvolvem estratégias de enfrentamento em situações de risco, como festas com uso de drogas.
Bônus 
Você pode se tratar corretamente, tomando remédios e frequentando grupos de ajuda e seguir sua vida normalmente. Ou passar para a próxima fase...

A recaída
Diferentemente dos bonequinhos de videogame, você tem apenas uma vida. Sim, já dissemos isso antes, mas, às vezes, parece que é preciso lembrar. Não existem números oficiais, mas especialistas afirmam que o índice de recuperação é baixo, e as recaídas são frequentes entre os pacientes que deixam as clínicas. Voltar a andar com as mesmas pessoas é uma roubada.

Game over 
Quanto mais o usuário fuma, mais precisa para se satisfazer. Se você chegou aqui, difi cilmente, vai sair... É triste, mas é real. Muita gente morre por causa da droga. Diretamente, pelos danos causados no organismo, ou indiretamente, como em conflitos com a polícia, brigas entre gangues e cobrança de traficantes. A pedra joga o adolescente em um universo de violência do qual é difícil sair vivo.


Conselho Tutelar de Itapetinga

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Crack - Uma pedra no meio do caminho

Foto: Itapetinga Agora

Também chamado de pedra, o crack é uma droga extremamente viciante e de conseqüências devastadoras para a vida: pode levar o usuário à morte rapidamente antes de dois anos de vício. Em São Paulo, está localizado um dos maiores mercados mundiais desse entorpecente, a chamada " cracolândia ". Segundo relatório da ONU, entre 11 milhões e 21 milhões de pessoas no mundo são usuárias da droga, sendo que a China, Estado Unidos, Rússia e Brasil concentram 45% do total de consumidores.
Muitas vezes, sólida, o crack, diferentemente da cocaína, é fumado. Quando surgiu, era mais utilizado pelas classes menos favorecidas, que não podiam pagar o alto custo da cocaína em pó. Hoje, já atingiu a classe média, cujo uso é maior entre os homens.
O crack é uma droga extremamente viciante, de conseqüências devastadoras para a saúde, podendo levar o usuário à morte rapidamente. "Normalmente, o viciado morre antes de completar dois anos de vício (se for usado abruptamente)"
Os efeitos psicológicos são: aumento do estado de alerta e concentração; aceleração do pensamento; inquietação psicomotora; estado eufórico; diminuição da fadiga; irritabilidade; insônia; medo; paranóia e agressividade.
Também chamada de "Síndrome de Compulsividade", conforme catalogada pela OMS, a dependência química é uma doença incurável, crônica, mas controlável. Não existe ainda uma medicação especifíca para o tratamento, por enquanto é receitado (analgésicos, tranquilizantes e antidepressivos), tendo a função de minimizar os sintomas decorrentes do uso. O melhor método hoje de resocialização de dependentes , doentes mentais, e em estágio avançado do vício é que haja um afastamento geográfico que possibilite tranquilidade e acompanhamentos necessários para um período de abstinência.
Se você conhece alguém nesta situação. Ajude-as:

Conselho Tutelar de Itapetinga

sábado, 20 de novembro de 2010

O Conselho Tutelar vai participar da 1° Marcha contra o crack.

Foto: Itapetinga agora

Droga da Morte

Quem tem filhos fica sempre preocupado (a) o tempo todo com os perigos do mundo. E não são poucos nos dias atuais. Mãe que é mãe e pai que é pai realmente, não se preocupam apenas com seus filhos, mas com os jovens de maneira geral.
Se entristecem ao assistirem as notícias de que mais um jovem foi vítima de um acidente de trânsito, ou de assalto onde a vida foi trocada por um tênis.
Há, entretanto, uma epidemia que tem me alarmado muito. A do uso do crack.
O crack é conhecido como a droga da morte, pois além de levar o usuário ao vício em até uma semana, leva-o à morte em pouquíssimo tempo.

Isso acontece por ser uma droga derivada da cocaína, misturada com bicarbonato de sódio. A queima da pedra, ou seja, seu aquecimento dilui a droga que é fumada, indo direto ao cérebro e à corrente sanguínea, onde permanece.

Acontece que na corrente sanguínea as partículas da droga se mantém. Se este tiver uma febre, por exemplo, elevando a temperatura do corpo, a droga volta a afetar-lhe. E, considerando que o crack eleva ainda mais a temperatura corporal, o usuário pode ser levado a ter um AVC (Acidente Vascular Cerebral). A droga também provoca a destruição dos neurônios e a degeneração dos músculos, levando o usuário à aparência esquelética.
Além disso, provoca um efeito social devastador de nossa juventude. Sim, juventude... porque usuário de crack morre antes de chegar a vida adulta.
O conselho Tutelar de Itapetinga tem acompanhado alguns jovens de nossa cidade que tem envolvimento com drogas, a droga tem sido responsável por varios homicídios em nosso município, louvamos a atitude da Secretaria de Desenvolvimento Social e CREAS, lutaremos juntos contra esse mal que tem dominado muitos dos nossos jovens.

Conselho Tutelar de Itapetinga

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Efeitos do castigo físico e humilhante

Os efeitos do castigo físico e humilhante não podem ser generalizados para todas as crianças, pois dependem da experiência de vida de cada um e da configuração familiar em que a criança encontra-se inserida. Entretanto, uma conseqüência direta do uso do castigo físico é o aprendizado, por parte da criança, de que a violência é uma maneira plausível e aceitável de se solucionar conflitos e diferenças, principalmente quando você está em uma posição de vantagem frente ao outro, principalmente física (como no caso do adulto frente à criança). E este aprendizado é transportado para outras relações da criança, como para a sua relação com um irmão mais novo, por exemplo. Também percebemos que, em muitos casos em que a criança sofre com castigos físicos e violências psicológicas freqüentes, ela pode apresentar um perfil retraído, introvertido. Se a criança não tiver uma rede de apoio forte (outros parentes ou outras pessoas que lhe sejam significativas e que lhe tratem de maneira diferente), a sua auto-estima fica tão comprometida que vemos como consequências a insegurança, o medo, a timidez, a passividade e a submissão. 

Muitas vezes, a violência física e/ou psicológica acaba acontecendo num rompante, e não por metodologia. Nestes momentos os pais podem sentar com seus filhos e serem sinceros com eles, explicando que perderam o controle e que se arrependem por isso. Este tipo de atitude é um ótimo exemplo de humildade e de respeito para com o outro. Ao sentarem para conversar com seus filhos, os pais darão o exemplo de que pedir desculpas não é algo do qual a criança deva se envergonhar e de que errar é humano, que nem sempre eles, pais, irão acertar em tudo, apesar sempre desejarem o melhor para seus filhos. Além disso, este é um ótimo momento para ouvir a própria criança e procurar, juntamente com ela, estabelecer as “regras” de convivência para todos dentro de casa. Por exemplo, o pai ou a mãe podem identificar que não agiram da melhor forma porque foi justamente no momento em que chegavam estressados do trabalho. Junto com a criança, eles podem conversar com ela e estabelecerem juntos que, quando isto acontecer, eles precisarão de um tempinho para respirarem fundo, relaxarem e, então, darem a atenção de qualidade que a criança merece.


Não Bata. Eduque.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Perguntas frequentes

“Não tenho autoridade com meus filhos. O que fazer para que eles me respeitem?”
É possível impor limites sem recorrer à violência. Existem alternativas para educar, ensinar, corrigir e disciplinar sem necessidade de recorrer aos castigos físicos os psicológicos. Ser autoritário e ter autoridade sobre os filhos são coisas diferentes. Os pais autoritários geram filhos com medo e ressentidos. Ao contrário, pais com autoridade a conquistaram com respeito e diálogo. As crianças aprendem a se relacionar com os adultos a partir da maneira como eles se relacionam com elas. Sabemos que a criança precisa de limites. A idéia não é remover os limites e a disciplina da educação e da criação dos filhos. Mas utilizar formas de disciplina sem o uso da violência.
Meu filho está agressivo e não obedece. Já tentei fazer várias coisas e não quero bater. Como dar limites sem bater? O que faço?
Sabemos que os pais e cuidadores querem educar as crianças da melhor forma possível e muitas vezes não sabem quais as alternativas para colocar limites ou lidar com comportamentos que consideram inadequados. Partimos do princípio que todas as crianças devem crescer em um ambiente livre de violência e que o diálogo – mesmo com os muito pequenos – deve sempre prevalecer. Uma criança que apanha ou é humilhada vai aprender que os conflitos se resolvem desta maneira.
Tente com calma conversar com seu filho. Muitas vezes as crianças testam os limites dos pais e cuidadores e é preciso colocar esses limites. Se quando a criança grita ou tem um comportamento agressivo os pais cedem ao que ele queria, ele vai aprender que gritando e caindo no chão ele irá conseguir o que quer. Uma dica é sempre que for falar com eles sobre a atitude que está tendo, abaixe-se para ficar da altura dele e olhe nos olhos. Se considerar necessário deixá-lo de castigo, uma possibilidade é escolher uma cadeira, e explicar que vai ser o lugar do castigo e o porquê do castigo para que ele peça desculpas. É importante que o local do “castigo” seja seguro e à sua vista. É importante ressaltar que o tempo do castigo depende da idade da criança. Em geral crianças muito pequenas não entendem de forma clara a relação causa e efeito – não adiantando deixá-las de castigo.
As crianças precisam de limites para crescer de forma saudável. Alguns desses limites são definidos pelas regras de convivência. Assim como não podemos bater em um colega de trabalho, elas também não podem bater nos colegas ou em qualquer pessoa em casa ou na rua. Esse tipo de limite é diferente daqueles que usamos para proteger as crianças, como por exemplo, quando impedimos que atravessem a rua sozinhas. Nesse último caso, a criança desafia os pais para ter certeza de que são cuidadas e amadas. Estes últimos limites ainda são diferentes daqueles limites em que simplesmente servem para não satisfazer as vontades das crianças, como por exemplo: a criança pode comer doce antes das refeições? Isto pode ser completamente negociável. Há famílias que podem, outras não, outras ainda às vezes, ou seja, nesses casos você pode negociar com seu filho, para que ele não esteja completamente submetido a limites que são aleatórios. Assim, ele poderá escolher e se responsabilizar pelas suas escolhas. Além disso, poder negociar com seu filho é uma grande chance de vocês manterem um diálogo!
As crianças geralmente percebem quando estamos nervosos, com raiva ou felizes. Converse com seus filhos. Explique, por exemplo, quando você está nervoso/a ou sem paciência por determinada coisa e que ele não tem culpa disso.
É importante ressaltar que não existe apenas um jeito certo para educar. As dinâmicas familiares e relações estabelecidas entre cuidadores e crianças são diversas e é no dia-a-dia que você encontrará as melhores formas de educar seus filhos, de acordo com as características de cada um deles. Educar é um processo diário e as mudanças muitas vezes levam tempo.
Quero fazer uma denúncia sobre violência contra uma criança. A quem posso recorrer?
Para denunciar qualquer tipo de violação de direitos e/ou violência contra criança ou adolescente você deve procurar o Conselho Tutelar de sua cidade, uma Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescentes (caso exista) ou ligar para o “disque 100” (basta ligar 100 de qualquer parte do Brasil).
Nos dois primeiros casos as denúncias podem ser feitas por escrito, por telefone ou pessoalmente. Não há necessidade de se identificar. Mas, para que a denúncia seja checada, é preciso informar a ameaça, além do nome e do endereço das vítimas. Em geral dois conselheiros tutelares são destacados para acompanhar o caso. A apuração envolve visitas, que podem ou não serem marcadas e, geralmente, contam com a ajuda de um psicólogo, médico, assistente social. Em casos extremos um policial militar também pode acompanhar os conselheiros.
Conselho Tutelar: O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
Previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os conselhos são criados por leis municipais, com participação de associações de moradores, entidades assistenciais e movimentos comunitários Os conselhos não resolvem os problemas, mas os encaminham aos órgãos responsáveis. Contam com a ajuda de abrigos, ONGs e entidades assistenciais. Os conselhos tutelares são compostos de cinco pessoas da comunidade, com mandato de três anos. São escolhidas de forma direta (pelo voto da população local) ou indireta (por representantes de organizações da sociedade civil). Toda vez que uma criança ou adolescente tiverem os direitos violados, por órgãos estatais ou pelos responsáveis. Basta procurar as prefeituras, que têm os endereços e telefones de contato. No Brasil, nem todas as cidades possuem este órgão. Há casos em que o conselho se antecipa às denúncias, como na checagem da qualidade do ensino da escola da comunidade.
Disque 100: Outra opção para denunciar é o disque 100. O serviço faz parte do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH). Por meio do disque 100, o usuário pode denunciar qualquer tipo violência contra crianças e adolescentes, colher informações acerca do paradeiro de crianças e adolescentes desaparecidos, tráfico de pessoas – independentemente da idade da vítima – e obter informações sobre os Conselhos Tutelares. O serviço funciona diariamente de 8h às 22h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, conforme a competência, num prazo de 24h. A identidade do denunciante é mantida em absoluto sigilo.
"Apanhei quando criança e sou uma boa pessoa, não aconteceu nada comigo". Porque não devo educar meus filhos da mesma maneira?
Embora muitas pessoas acreditem que "não aconteceu nada", castigos deixam sentimentos de raiva, ressentimento, rancor, medo e frustração. Apesar de acharmos que “educar batendo deu certo”, acreditamos que “educar sem bater”, com diálogo, respeito e participação fortalece o relacionamento com seus filhos, cria respeito, confiança. Educar com violência acaba legitimando a idéia de que a melhor forma de resolver conflitos é através da violência.
Acredito que a forma de educar meus filhos é assunto de minha família. Porque uma questão privada deve ser discutida na “sociedade”?
O castigo físico é uma forma de violência social e legalmente aceita e viola o direito da proteção integral da criança e do adolescente. A Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada por 130 países, dentre eles o Brasil, recomenda expressamente que as punições corporais na família, na escola e nas instituições penais, sejam proibidas por todos os signatários. O que para muitos parece uma simples questão privada, acaba tendo reflexos negativos para toda uma sociedade. Um exemplo é a questão da violência contra a mulher.
Até algumas décadas atrás, a violência contra mulher também era considerada um ”problema privado”, e muitos países ainda consideram que a mulher é “propriedade”do homem. No entanto essa situação vem mudando, sendo que muitos países já possuem legislações exclusivas para o tema, e a mulher é progressivamente vista como sujeito de direitos nas mesmas condições que qualquer outro cidadão. Sendo as crianças indivíduos vulneráveis, garantir a sua integridade física e moral é dever de todos: da família, da comunidade e da sociedade.
Porque eliminar castigos físicos e humilhantes deve ser uma prioridade, quando existem violências mais severas, como o abuso sexual por exemplo?
Por serem amplamente aceitos, e, portanto também corriqueiros, os castigos físicos e humilhantes acabam sendo deixados em segundo plano na luta pela garantia dos direitos das crianças. Todavia, as razoes acima são justamente as que fazem deste tema prioritário nessa luta. Trabalhar pela erradicação dos castigos físicos é uma forma de eliminar todas as formas de violência contra crianças, afirmar que existe um “limite” entre violência leve e grave é uma forma equivocada de abordagem, pois ignora as crianças como sujeitos de direitos. Finalmente, todas as formas de violência estão inter-relacionadas e devem ser combatidas igualmente, começando pelos nossos lares
Às vezes eu bato no meu filho quando estou com raiva e depois me arrependo. O que eu devo fazer?
Muitas vezes, a violência física e/ou psicológica acaba acontecendo num rompante, e não por metodologia. Nestes momentos os pais podem sentar com seus filhos e serem sinceros com eles, explicando que perderam o controle e que se arrependem por isso. Este tipo de atitude é um ótimo exemplo de humildade e de respeito para com o outro. Ao sentarem para conversar com seus filhos, os pais darão o exemplo de que pedir desculpas não é algo do qual a criança deva se envergonhar e de que errar é humano, que nem sempre eles, pais, irão acertar em tudo, apesar sempre desejarem o melhor para seus filhos. Além disso, este é um ótimo momento para ouvir a própria criança e procurar, juntamente com ela, estabelecer as "regras" de convivência para todos dentro de casa.
Por exemplo, o pai ou a mãe podem identificar que não agiram da melhor forma porque foi justamente no momento em que chegavam estressados do trabalho. Junto com a criança, eles podem conversar com ela e estabelecerem juntos que, quando isto acontecer, eles precisarão de um tempinho para respirarem fundo, relaxarem e, então, darem a atenção de qualidade que a criança merece.

Não bata, eduque