“Não tenho autoridade com meus filhos. O que fazer para que eles me respeitem?”
É possível impor limites sem recorrer à violência. Existem alternativas para educar, ensinar, corrigir e disciplinar sem necessidade de recorrer aos castigos físicos os psicológicos. Ser autoritário e ter autoridade sobre os filhos são coisas diferentes. Os pais autoritários geram filhos com medo e ressentidos. Ao contrário, pais com autoridade a conquistaram com respeito e diálogo. As crianças aprendem a se relacionar com os adultos a partir da maneira como eles se relacionam com elas. Sabemos que a criança precisa de limites. A idéia não é remover os limites e a disciplina da educação e da criação dos filhos. Mas utilizar formas de disciplina sem o uso da violência.
Meu filho está agressivo e não obedece. Já tentei fazer várias coisas e não quero bater. Como dar limites sem bater? O que faço?
Sabemos que os pais e cuidadores querem educar as crianças da melhor forma possível e muitas vezes não sabem quais as alternativas para colocar limites ou lidar com comportamentos que consideram inadequados. Partimos do princípio que todas as crianças devem crescer em um ambiente livre de violência e que o diálogo – mesmo com os muito pequenos – deve sempre prevalecer. Uma criança que apanha ou é humilhada vai aprender que os conflitos se resolvem desta maneira.
Tente com calma conversar com seu filho. Muitas vezes as crianças testam os limites dos pais e cuidadores e é preciso colocar esses limites. Se quando a criança grita ou tem um comportamento agressivo os pais cedem ao que ele queria, ele vai aprender que gritando e caindo no chão ele irá conseguir o que quer. Uma dica é sempre que for falar com eles sobre a atitude que está tendo, abaixe-se para ficar da altura dele e olhe nos olhos. Se considerar necessário deixá-lo de castigo, uma possibilidade é escolher uma cadeira, e explicar que vai ser o lugar do castigo e o porquê do castigo para que ele peça desculpas. É importante que o local do “castigo” seja seguro e à sua vista. É importante ressaltar que o tempo do castigo depende da idade da criança. Em geral crianças muito pequenas não entendem de forma clara a relação causa e efeito – não adiantando deixá-las de castigo.
As crianças precisam de limites para crescer de forma saudável. Alguns desses limites são definidos pelas regras de convivência. Assim como não podemos bater em um colega de trabalho, elas também não podem bater nos colegas ou em qualquer pessoa em casa ou na rua. Esse tipo de limite é diferente daqueles que usamos para proteger as crianças, como por exemplo, quando impedimos que atravessem a rua sozinhas. Nesse último caso, a criança desafia os pais para ter certeza de que são cuidadas e amadas. Estes últimos limites ainda são diferentes daqueles limites em que simplesmente servem para não satisfazer as vontades das crianças, como por exemplo: a criança pode comer doce antes das refeições? Isto pode ser completamente negociável. Há famílias que podem, outras não, outras ainda às vezes, ou seja, nesses casos você pode negociar com seu filho, para que ele não esteja completamente submetido a limites que são aleatórios. Assim, ele poderá escolher e se responsabilizar pelas suas escolhas. Além disso, poder negociar com seu filho é uma grande chance de vocês manterem um diálogo!
As crianças geralmente percebem quando estamos nervosos, com raiva ou felizes. Converse com seus filhos. Explique, por exemplo, quando você está nervoso/a ou sem paciência por determinada coisa e que ele não tem culpa disso.
É importante ressaltar que não existe apenas um jeito certo para educar. As dinâmicas familiares e relações estabelecidas entre cuidadores e crianças são diversas e é no dia-a-dia que você encontrará as melhores formas de educar seus filhos, de acordo com as características de cada um deles. Educar é um processo diário e as mudanças muitas vezes levam tempo.
Quero fazer uma denúncia sobre violência contra uma criança. A quem posso recorrer?
Para denunciar qualquer tipo de violação de direitos e/ou violência contra criança ou adolescente você deve procurar o Conselho Tutelar de sua cidade, uma Delegacia Especializada em Crimes contra Crianças e Adolescentes (caso exista) ou ligar para o “disque 100” (basta ligar 100 de qualquer parte do Brasil).
Nos dois primeiros casos as denúncias podem ser feitas por escrito, por telefone ou pessoalmente. Não há necessidade de se identificar. Mas, para que a denúncia seja checada, é preciso informar a ameaça, além do nome e do endereço das vítimas. Em geral dois conselheiros tutelares são destacados para acompanhar o caso. A apuração envolve visitas, que podem ou não serem marcadas e, geralmente, contam com a ajuda de um psicólogo, médico, assistente social. Em casos extremos um policial militar também pode acompanhar os conselheiros.
Conselho Tutelar: O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, não jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
Previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os conselhos são criados por leis municipais, com participação de associações de moradores, entidades assistenciais e movimentos comunitários Os conselhos não resolvem os problemas, mas os encaminham aos órgãos responsáveis. Contam com a ajuda de abrigos, ONGs e entidades assistenciais. Os conselhos tutelares são compostos de cinco pessoas da comunidade, com mandato de três anos. São escolhidas de forma direta (pelo voto da população local) ou indireta (por representantes de organizações da sociedade civil). Toda vez que uma criança ou adolescente tiverem os direitos violados, por órgãos estatais ou pelos responsáveis. Basta procurar as prefeituras, que têm os endereços e telefones de contato. No Brasil, nem todas as cidades possuem este órgão. Há casos em que o conselho se antecipa às denúncias, como na checagem da qualidade do ensino da escola da comunidade.
Previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os conselhos são criados por leis municipais, com participação de associações de moradores, entidades assistenciais e movimentos comunitários Os conselhos não resolvem os problemas, mas os encaminham aos órgãos responsáveis. Contam com a ajuda de abrigos, ONGs e entidades assistenciais. Os conselhos tutelares são compostos de cinco pessoas da comunidade, com mandato de três anos. São escolhidas de forma direta (pelo voto da população local) ou indireta (por representantes de organizações da sociedade civil). Toda vez que uma criança ou adolescente tiverem os direitos violados, por órgãos estatais ou pelos responsáveis. Basta procurar as prefeituras, que têm os endereços e telefones de contato. No Brasil, nem todas as cidades possuem este órgão. Há casos em que o conselho se antecipa às denúncias, como na checagem da qualidade do ensino da escola da comunidade.
Disque 100: Outra opção para denunciar é o disque 100. O serviço faz parte do Disque Denúncia Nacional de Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes é coordenado e executado pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República (SEDH). Por meio do disque 100, o usuário pode denunciar qualquer tipo violência contra crianças e adolescentes, colher informações acerca do paradeiro de crianças e adolescentes desaparecidos, tráfico de pessoas – independentemente da idade da vítima – e obter informações sobre os Conselhos Tutelares. O serviço funciona diariamente de 8h às 22h, inclusive nos finais de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de defesa e responsabilização, conforme a competência, num prazo de 24h. A identidade do denunciante é mantida em absoluto sigilo.
"Apanhei quando criança e sou uma boa pessoa, não aconteceu nada comigo". Porque não devo educar meus filhos da mesma maneira?
Embora muitas pessoas acreditem que "não aconteceu nada", castigos deixam sentimentos de raiva, ressentimento, rancor, medo e frustração. Apesar de acharmos que “educar batendo deu certo”, acreditamos que “educar sem bater”, com diálogo, respeito e participação fortalece o relacionamento com seus filhos, cria respeito, confiança. Educar com violência acaba legitimando a idéia de que a melhor forma de resolver conflitos é através da violência.
Acredito que a forma de educar meus filhos é assunto de minha família. Porque uma questão privada deve ser discutida na “sociedade”?
O castigo físico é uma forma de violência social e legalmente aceita e viola o direito da proteção integral da criança e do adolescente. A Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada por 130 países, dentre eles o Brasil, recomenda expressamente que as punições corporais na família, na escola e nas instituições penais, sejam proibidas por todos os signatários. O que para muitos parece uma simples questão privada, acaba tendo reflexos negativos para toda uma sociedade. Um exemplo é a questão da violência contra a mulher.
Até algumas décadas atrás, a violência contra mulher também era considerada um ”problema privado”, e muitos países ainda consideram que a mulher é “propriedade”do homem. No entanto essa situação vem mudando, sendo que muitos países já possuem legislações exclusivas para o tema, e a mulher é progressivamente vista como sujeito de direitos nas mesmas condições que qualquer outro cidadão. Sendo as crianças indivíduos vulneráveis, garantir a sua integridade física e moral é dever de todos: da família, da comunidade e da sociedade.
Porque eliminar castigos físicos e humilhantes deve ser uma prioridade, quando existem violências mais severas, como o abuso sexual por exemplo?
Por serem amplamente aceitos, e, portanto também corriqueiros, os castigos físicos e humilhantes acabam sendo deixados em segundo plano na luta pela garantia dos direitos das crianças. Todavia, as razoes acima são justamente as que fazem deste tema prioritário nessa luta. Trabalhar pela erradicação dos castigos físicos é uma forma de eliminar todas as formas de violência contra crianças, afirmar que existe um “limite” entre violência leve e grave é uma forma equivocada de abordagem, pois ignora as crianças como sujeitos de direitos. Finalmente, todas as formas de violência estão inter-relacionadas e devem ser combatidas igualmente, começando pelos nossos lares
Às vezes eu bato no meu filho quando estou com raiva e depois me arrependo. O que eu devo fazer?
Muitas vezes, a violência física e/ou psicológica acaba acontecendo num rompante, e não por metodologia. Nestes momentos os pais podem sentar com seus filhos e serem sinceros com eles, explicando que perderam o controle e que se arrependem por isso. Este tipo de atitude é um ótimo exemplo de humildade e de respeito para com o outro. Ao sentarem para conversar com seus filhos, os pais darão o exemplo de que pedir desculpas não é algo do qual a criança deva se envergonhar e de que errar é humano, que nem sempre eles, pais, irão acertar em tudo, apesar sempre desejarem o melhor para seus filhos. Além disso, este é um ótimo momento para ouvir a própria criança e procurar, juntamente com ela, estabelecer as "regras" de convivência para todos dentro de casa.
Por exemplo, o pai ou a mãe podem identificar que não agiram da melhor forma porque foi justamente no momento em que chegavam estressados do trabalho. Junto com a criança, eles podem conversar com ela e estabelecerem juntos que, quando isto acontecer, eles precisarão de um tempinho para respirarem fundo, relaxarem e, então, darem a atenção de qualidade que a criança merece.
Não bata, eduque
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