Educação x futebol: os sonhos de Gabriel, o boleiro em busca do diploma

Por Eric Luis Carvalho
Salvador

Professor de Educação Física ou fisioterapeuta? Por ora, volante. Aos 19 anos, Gabriel Soares Oliveira é mais uma das joias criadas na Toca do Leão. Capitão do time sub-20 do Vitória, Gabriel é um garoto diferenciado. O atleta é um dos destaques do Rubro-Negro na Copa do Brasil Sub-20 e, dentro de campo, um líder por natureza. Convocado para defender a Seleção Brasileira no Sul-Americano Sub-20, o volante concluiu os estudos do Ensino Médio e tem sonhos, mas não só dentro das quatro linhas. Apesar da pouca idade, Gabriel sabe que o mundo do futebol nem sempre costuma sorrir. Por isso, desde cedo decidiu que terminaria os estudos e só depois se dedicaria inteiramente ao esporte.

Ainda assim, o garoto ainda quer mais. A vontade com que corre atrás da bola e dos marcadores em campo será a mesma utilizada no futuro para correr em busca de um sonho na faculdade. Um diploma que Gabriel ainda não decidiu se será de Fisioterapia ou de Educação Física.

O jovem atleta admite que passou por dificuldades para concluir o Ensino Médio. Pressão em campo, pressão na sala de aula, mas Gabriel soube sair para o jogo e venceu.

- É muito difícil conciliar os estudos com o futebol. Hoje em dia, eu vejo muitos dos meus companheiros de time que não tem os estudos por conta dessa dificuldade de fazer as duas coisas. Meu pai e minha mãe sempre me apoiaram muito para estudar, mesmo jogando – disse.

As dificuldades na transição entre júnior e profissional fizeram Gabriel optar, momentaneamente, pelo futebol. Mas, com a consciência de gente grande, o garoto promete voltar para as salas de aula assim que tiver condições.

- O futebol é muito ingrato, então tenho que estar preparado para o caso de não dar certo na bola. Essa fase de transição do júnior, chegando em idade profissional, é muito complicada. Por isso, não deu para começar uma faculdade, mas, se Deus permitir, voltarei aos estudos para terminar minha carreira – promete.

Além do interesse próprio, Gabriel destaca a dedicação do Vitória para que seus atletas sigam nos estudos.

- Em 2008, eu deixei de viajar para um campeonato sub-16 em Santa Catarina para não perder uma prova. Eu terminei indo para recuperação e, para não perder de ano, preferi perder o campeonato. O Vitória é um clube que se preocupa muito com a educação. O João Paulo, nosso coordenador, sempre nos ajuda muito. No que precisar, o João nos ajuda. Ele é sempre muito preocupado para que a gente siga bem na escola – disse Gabriel.

O exemplo mora ao lado

No futebol, poucos jogadores servem de exemplo para os jovens das divisões de base como atletas que não esqueceram dos estudos. No Vitória, um deles é Pedro Ken. O maestro do Rubro-Negro é um leitor compulsivo e, durante as divisões de base, assim como Gabriel, se dividiu entre o futebol e a escola. Ken chegou a ser aprovado no vestibular da PUC paranaense, mas não cursou devido a complicações da rotina do futebol.

Meio-campista assim como Ken, Gabriel vê no curitibano de características semelhantes dentro de campo, um exemplo nos gramados e fora dele. Para Gabriel é preciso se mirar nos poucos exemplos de boleiros dedicados ao ensino.

- Ter um jogador como Pedro Ken no clube em que a gente joga é algo motivador. Saber que ele se dedicou aos estudos, que quer estudar ainda mais e hoje é um ídolo desse time, faz com que eu o veja como um espelho. Eu sei que, no futebol, temos poucos exemplos de jogadores que se dedicaram aos estudos, mas são nesses poucos exemplos que procuro me espelhar – disse o garoto.

Capitão do time que vai disputar a decisão da Copa do Brasil Sub-20, Gabriel é um exemplo de liderança e pés no chão. Sem perder a simplicidade, o garoto já lembrado para a Seleção Sub-20 espera escrever uma história que no futuro sirva de exemplo para as novas gerações.

Gabriel é o capitão do time que vai disputar a final da Copa do 

Brasil Sub-20 (Foto: Lucas Uebel/Grêmio FBPA)