segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Documentário Justiça


“Justiça”, documentário de Maria Augusta Ramos, pousa a câmera onde muitos brasileiros jamais puseram os pés – num Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, deflagrando suas estruturas de poder – aquilo que, em geral, nos é invisível. No filme, não há entrevistas ou depoimentos, apenas o registro do que se passa diante da lente. Maria Augusta Ramos observa um universo institucional extremamente fechado e que raras vezes é tratado pelo cinema ficcional brasileiro. A cineasta vai acompanhar um pouco mais de perto uma defensora pública, um juiz/professor de direito e um réu. Primeiro, a câmera os flagra tanto no “teatro” da justiça como fora dele, em lugares como a carceragem da Polinter e em casa, na intimidade de suas famílias. Com suas opções claras, que não pretendem ser disfarçada por movimentações dramáticas, Maria Augusta Ramos deixa evidente que, como os documentários, a justiça está muito longe de ser isenta. Como e para quem a justiça funciona no Brasil é a questão que se apresenta em seu filme, sem respostas definitivas ou julgamentos pré-concebidos.

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