sábado, 28 de janeiro de 2012

ADOLESCENTE você já pensou em fugir de casa?


Pra quem já pensou em fugir de casa - a dificuldade do diálogo entre pais e filhos
Fugir

Todo adolescente em algum momento pensou em catar as coisas, pôr numa mochila e cair no mundo. Ser dono do próprio nariz. Fazer da vida o que quiser sem ter que dar satisfação a ninguém. Até porque, pra quem não sabe (ou esqueceu), ser adolescente não é lá muito fácil: muda o corpo, a cabeça e a forma de ver o mundo; mas nada tão complicado quanto o diálogo, principalmente com os pais. De uma hora pra outra fica um “caos”, um abismo. Quanto mais se fala, menos se entende. Você fica falando sozinho, as pessoas fogem do assunto e dão respostas genéricas a perguntas que você gostaria muito que fossem respondidas.


Isso foi muito bem retratado numa composição de Gabriel, O Pensador (cantor/compositor de rap):

Ninguém tá escutando o que eu quero dizer!
Ninguém tá me dizendo o que eu quero escutar!
Ninguém tá explicando o que eu quero entender! (X2)
Ninguém tá entendendo o que eu quero explicar!
Gabriel, O Pensador – Tem Alguem Aí?

E aí, se identificou? Mas será que ainda assim vale a pena fugir de casa?

O que realmente está em jogo?
Normalmente quando você chega à adolescência seus pais tentam proteger você de algumas situações nada agradáveis que talvez eles tenham experimentado. Sim amigo, não dá pra negar. Eles têm uma visão mais ampla do jogo, inclusive das cartas marcadas.
Eles sabem que você está numa fase vulnerável, que vai tentar se encontrar de alguma forma, alguma coisa que goste;
Eles sabem que provavelmente você vai tentar se incluir em algum grupo (até porque ninguém vive sozinho), e vai se sentir pressionado a praticar algumas coisas que você ainda não conhece, ou “só ouviu falar”;
Eles sabem que as decepções que você sofrer agora podem ser profundas demais a ponto de se arrastarem por longos anos e principalmente:
Eles sabem que você “segue o coração”, ou em outras palavras age pela emoção e que por mais que tudo pareça “sensacional”, existe um outro lado, mas que talvez você não consiga identificar agora;
Em resumo, o que está em jogo é a sua felicidade. Ainda assim, muitas vezes eles não vão conseguir te fazer entender.
O processo é mais ou menos assim: a mãe fala, a filha não entende. Ela repete, não funciona. Então a solução é fazer engolir à força. E aí a coisa fica pior e o clima cada vez mais insustentável: proibições sem sentido, ofensas, isolamento.
Tem pai que acha muito irritante um filho adolescente, e de fato, o cara está numa explosão de hormônios, conflitos existenciais, um monte de dúvidas, e tudo isso numa avalanche de emoções completamente novas e que, naturalmente, são difíceis de expressar.

O terceiro elemento
As coisas ficam mais complicadas quando alguém fora do contexto familiar acaba colocando “lenha na fogueira” (lê-se namorado, ou namorada em alguns casos); isso porque nessa idade não sabemos separar muito bem o que é atração, paixão ou amor (se bem me lembro ). Por conta disso, é comum de uma hora pra outra imaginarmos que encontramos a “pessoa perfeita”, a “relação perfeita” que, diferente dos pais, sabe ouvir, entender e amar. O problema é que às vezes não reconhecemos qual a verdadeira motivação por trás de todas essas “boas intenções” e estando “cegos” ou “cegas” de paixão não prestamos atenção aos pequenos sinais que muitas vezes revelam um caráter deficiente.
Acha exagero? estive navegando por alguns fóruns de discussão. Um ganha destaque, trata-se do site Jus Navigandi um portal jurídico onde encontrei o a seção: Quero fugir de casa! que contém uma discussão interessantíssima sobre o tema. A maioria das dúvidas giram em torno da questão: – “Tenho 18 anos, posso fugir de casa?”.
O que me chamou a atenção foram dúvidas de meninas que planejavam fugir de casa. No primeiro caso a diferença de idade entre a menina e o namorado era de 12 anos; no segundo caso 20 anos!
Em resumo, se o seu namorado ou amigo incentiva você a sair de casa, desconfie. Isso porque, o ambiente familiar, por mais conturbado que seja é o que por hora traz estabilidade e segurança em um importante momento da sua vida. Aliás quem está de fora (e realmente gosta de você) enxerga isso muito melhor e deveria te aconselhar a fazer exatamente o contrário: procurar o diálogo e a solução pacífica.
Antes de fugir…

É claro que quando se trata de conflito familiar cada caso tem sua particularidade, mas alguns pontos devem ser ressaltados:
Conflitos fazem parte da construção de qualquer relação sólida, seja ela entre pais e filhos, namorados, marido e mulher desde antes de você nascer;
Isolamento produz mágoa e revolta. Converse com pessoas confiáveis, com uma boa bagagem de vida e que, principalmente, apliquem o discurso na prática;
Substitua o olhar preconceituoso. Sim, sempre reivindicamos que nos aceitem do jeito que nós somos; mas muitas enxergamos por uma ótica preconceituosa: – “Ele é um fracassado”, – “Ela é muito chata”;
Acredite, por mais que pareça o fim do mundo com o tempo e amadurecimento necessários algumas respostas começam a ficar mais claras;
As escolhas que você faz agora podem ter consequências reais e talvez irreversíveis no seu futuro; então faça uma revisão dos seus critérios;
É claro que exceções existem, e se você está num contexto de graves riscos à sua integridade física e moral, procure ajuda e nunca tente resolver sozinho. Não há garantias ao fugir de casa, pelo contrário.

Aprenda com os fatos
Numa sexta-feira Giovanna Maresti e a melhor amiga Ana Lívia Destefani Luciano resolveram fugir após saírem de um cinema na Rua Augusta – São Paulo.
Saíram de ônibus de São Paulo e de carona passaram por algumas cidades do Rio Grande do Sul e Santa Catarina onde foram encontradas pela polícia. As amigas disseram que estavam em busca de aventura e de uma vida feliz. Depois de alguns dias reconheceram que foi uma escolha equivocada: receberam propostas indecentes, tiveram dificuldades para se sustentar e foram assaltadas. Tiveram de vender os pertences para sair de Porto Alegre.
Em Santa Catarina Giovanna foi abraçada pela mãe Kelly di Bertolli que desabafou:
“Eu amo muito a minha filha, eu não quero ver ela solta. E, ao mesmo tempo, não quero ver ela infeliz”
Ao invés da fuga, mãe e filha agora procuram uma forma de viver em harmonia.

“Foi um ato totalmente egoísta que eu tive. Quase matei ela do coração, não se faz isso com uma mãe”, contou Giovanna Silva

Nenhum comentário:

Postar um comentário