sexta-feira, 26 de outubro de 2012

'Prefiro morrer a ficar com o meu pai', diz menina que teria sofrido abuso

Delegacia da Mulher abriu inquérito para apurar denúncia em Araraquara. Mãe pede suspensão definitiva das visitas da filha de 7 anos à casa do pai.
Em vídeo, menina de 7 anos diz que prefere morrer ao ficar com o pai, em Araraquara, SP (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Araraquara (SP) abriu inquérito para apurar o suposto abuso sexual sofrido por uma menina de 7 anos, praticado pelo pai e por um primo de 12 anos. A mãe da menina pede na Justiça uma suspensão definitiva das visitas da criança à casa do pai. Em vídeo, a garota disse que prefere morrer a ficar com ele. Uma decisão pode sair nesta sexta-feira (26), após análise de provas que mostram a menina com distúrbio de comportamento depois de ter sido vítima do suposto abuso, há cerca de um ano meio. Em vídeo gravado na semana passada por uma amiga da mãe da garota, que acompanha o caso, a criança aparece chorando ao se recusar a ir à casa do pai, após determinação judicial expedida com a separação dos pais, há 5 anos. “Eu não gosto de lá, não quero ir, eu não quero”, falou a menina em um trecho do material.
Em outra parte do vídeo, ela diz ter medo de que aconteça “o pior” se ela for até lá. “Não quero que aconteça aquilo que já disse para vocês”, afirmou. “Eu prefiro morrer a ficar com o meu pai”, desabafou em outro trecho.
Segundo a mãe da garota, de 41 anos, que prefere ter sua identidade preservada, a menina teria falado recentemente a uma psicóloga que tomou banho com o pai e foi obrigada a tocar em seu órgão genital, além de dormir nua na mesma cama que ele. Isso estaria acontecendo desde fevereiro de 2011, quando a menina começou a apresentar problemas na escola.
“Ela começou a ter desvio de comportamento e a pedido da escola começamos um acompanhamento psicológico, mas ela só conseguiu falar do problema há pouco tempo”, justificou a mãe. Durante esse período, e ainda em tratamento, a menina afirmou em novembro do ano passado que teria sido abusada por seu primo de 12 anos, durante uma das visitas à casa do pai.

Suspensão das visitas
Depois do relato da criança, a mãe cobrou providências do ex-marido, que começou a ameaçá-la, o que a fez registrar um Boletim de Ocorrência que ajudou na suspensão temporária das visitas da filha à casa do pai, em março de 2012. A interrupção das visitas durou até o fim de setembro, quando a menina voltou a ter contato com o pai.
Outro lado“No tempo em que ficou sem vê-lo não apresentou as crises, que voltaram há três semanas”, contou a mãe. Segundo ela, durante dois finais de semana a menina dormiu na casa do pai e retornou dizendo que não teria tido problemas com ele. Mas no dia 19 de outubro ela ofereceu resistência ao ser questionada se queria ver o pai, o que fez a mãe registrar queixa na DDM, para interromper a visita. O juiz da Vara de Infância e Juventude que estava de plantão no final de semana suspendeu a visita no domingo e a criança não foi até a casa do pai.
“Conseguimos a interrupção temporária naquele final de semana, mas e neste como vai ser?”, indagou a advogada Roseli de Mello Franco, que aguarda uma medida protetiva a favor da criança. “Ela está em situação de risco e queremos que as vistas sejam anuladas ou que o pai só tenha contato com ela se estiver acompanhado”, explicou.

Transtorno psicológico
No processo analisado pela Justiça, além do vídeo, há exames e laudos de uma psicóloga que atestam um problema na mão da menina, que apresenta ferimentos e pode ter ligação com sua condição psicológica. “Ela foi obrigada a tocar no órgão do pai com a mão e quando está nervosa morde a mão, diz que está suja, diz que precisa lavar e acaba se ferindo”, relatou a mãe.
Além disso, a mãe da garota disse que ela tem comportamentos incomuns para uma criança de 7 anos. “Quando ela vê homens mais velhos diz que tem interesse neles, tem vontade e fala ‘mamãe, to com aquela vontade de novo’. Ela paquera como se fosse adulta”, afirmou.

Outro lado
O pai da criança foi procurado em seu comércio para comentar o assunto, mas não retornou à reportagem do G1 até às 12h40 desta sexta-feira (26).
Fonte: G1 SP

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