O padrasto que filmou a enteada, de três anos, sendo espancada pela mãe com pedaço de madeira se defendeu dizendo que não tinha intenção de chantagear a companheira autora da violência infantil e que se arrependeu de ter feito o vídeo. "Eu não sabia que era crime filmar o espacamento. Queria filmar para que ela parasse de bater na menina. Se errei, eu peço perdão", disse Alcimar da Silva, de 25 anos, em entrevista ao G1 nesta terça-feira (31). De acordo com Alcimar, o Conselho Tutelar teve acesso ao vídeo através da comerciante que trabalha no térreo da casa em que a família mora. "Ela [mãe] queria apagar o vídeo e eu não deixei. Eu entreguei à comerciante para que a gravação ficasse a salvo. A intenção era que não houvesse mais espancamentos", disse o rapaz.Em casa, Alcimar disse estar amendrontado com as proporções que o caso ganhou desde quando foi divulgado, na segunda-feira (30). O padrasto afirmou que vivia com suspeita há mais de um ano e que o casal brigava muito. "Ela sempre batia nas crianças, mas eu tentava intervir e quis filmar para ter uma forma de convencê-la a não bater mais neles. Ela batia nas crianças direto, principalmente quando eu estava no trabalho", afirmou.
Dona de comércio embaixo da casa onde aconteceu o caso denunciou a mãe (Foto: Girlene Medeiros/G1 AM) |
A mãe de Alcimar, Raimunda da Silva, também confessou ao G1 ter testemunhado casos de violência. Raimunda afirmou que chegou a ficar com as crianças, enquanto o filho estava no trabalho, para evitar espancamentos feitos pela mãe. "Uma vez ela [mãe] chegou a dizer que tinha vontade de jogar o outro filho, uma criança de cinco meses, no lixo. Eu não confio nela e só entregava as crianças nas mãos do meu filho", contou Raimunda.
De acordo com o conselheiro tutelar da Zona Leste de Manaus que atendeu ao caso, Francisco Castro, o pai biológico da criança espancada mora no Pará. "Já entrei em contato com ele. É um descaso grande porque nem certidão de nascimento as duas crianças têm", explicou.
Ainda segundo o conselheiro, a avó materna está com a guarda das crianças e a mãe passapor tratamento psicológico. "O que chegou a mim é que o pai dela é delegado e sempre foi muito rígido com ela", afirmou Castro, ao indicar que se trata de uma jovem traumatizada. A mãe das crianças foi procurada pela reportagem, mas, por telefone, o pai da jovem informou que a filha não daria entrevista. "A minha filha é menor de idade e também não vai falar nada. Não temos nada a declarar", enfatizou.
O conselheiro tutelar da Zona Leste de Manaus que atendeu ao caso, Francisco Castro, explicou que recebeu denúncias afirmando que Alcimar planeja fugir. "Eu já comuniquei a polícia", ressaltou. Sobre a possível fuga, o padrasto explicou que não tem intenção de fugir. "Se eu tivesse que fugir, eu já teria fugido. Estou à disposição da Justiça e da polícia. Também quero minha defesa", finalizou o rapaz.
A Polícia Civil afirmou que o caso será registrado na quarta-feira (1º) à Delegacia Especializada em Apuração de Atos Infracionais (Deaai), devido à mãe da criança ser uma adolescente de 17 anos. O Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) informou ao G1 que aguarda o relatório do Conselho Tutelar para apurar as punições cabíveis contra a suspeita. O caso será acompanhado pela promotora da Criança e Adolescente, Nilda Silva e Sousa. A adolescente deverá ficar em liberdade durante as investigações e será acompanhada por psicólogos.
Pelo artigo 5 do Estatuto da Criança e do Adolescente que preconiza que "nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais", Alcimar poderá ser indiciado por omissão de socorro.
Entenda o caso
Imagens divulgadas na segunda-feira (30) pelo Conselho Tutelar mostram uma menina de três anos sendo espancada pela mãe, de 17 anos, em Manaus. As cenas foram filmadas pelo padrasto da criança, de 25 anos.
No vídeo de dois minutos, a mãe aparece agredindo a menina com um pedaço de madeira, além de mordidas e empurrões. O material foi apresentado para conselheiros da infância e da juventude quando faziam uma operação na manhã de sexta-feira (27) no bairro Jorge Teixeira, Zona Leste de Manaus. Na ocasião, uma senhora que trabalha em uma mercearia foi até os conselheiros e mostrou o vídeo, que estava no celular. O homem teria passado o vídeo para a vizinha.
Segundo o conselheiro Francisco Castro, assim que viram o vídeo, os conselheiros foram até a casa da jovem e ela admitiu que agrediu a filha. "A mãe alega que foi espancada e violentada em frente à sogra e ao cunhado e nada foi feito. Então, em um momento de raiva, ela reagiu agredindo a menina", relatou. "A esposa ameaçava denunciar o marido pelas agressões, mas ele enfatizou que também teria como denunciá-la através das imagens", completou o conselheiro.
Fonte: G1 MA
Maldita ordinária
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