domingo, 18 de março de 2012

Cresce número de pessoas com mais de 50 anos viciadas em crack

O Brasil ainda se nega a aceitar a própria velhice. Já o crack não tem preconceito de idade. Os fornecedores da chamada pedra do mal, que custa bem menos que uma dose de cachaça (de R$ 2 a R$ 10 a unidade) e vicia mais que a bebida, já descobriram suas novas vítimas. Depois dos jovens, perdidos como mendigos nas cracolândias, começam a atrair as pessoas acima de 50 anos.
Segundo os últimos dados do Centro Mineiro de Toxicomania (CMT), dos 1.217 casos de dependentes de drogas lícitas e ilícitas que buscaram a ajuda da instituição no ano passado, o número de usuários de crack (119) com mais de 50 anos superou, pela primeira vez, o universo de entrevistados de mesma faixa etária que declararam ser usuários de álcool (113). A diferença dos viciados de cabelos brancos é que, além de terem renda garantida pelo trabalho, aposentadoria e empréstimos consignados, buscam no vício uma saída para o abandono familiar, as doenças crônicas e o isolamento social que vem com a chegada da aposentadoria. “Quando dei por mim, estava debaixo do viaduto da Avenida Silva Lobo, morando com uma noiada (apelido que se dá aos usuários do crack que vivem em paranoia)”, revela o vendedor autônomo Antônio, de 54 anos. Para financiar o vício, ele vendeu dois carros (um Palio e um Peugeot) e uma casa de campo e queimou todas as economias. Só não perdeu o apartamento no Bairro Barroca porque foi interditado pelos filhos – um dentista, de 25 anos, e um professor, de 28.


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