domingo, 20 de novembro de 2011

Caminhada dos Capoeiristas homenageia menino Joel


O menino Joel Castro, 10, morto há exatamente um ano, foi o homenageado neste domingo, 20, Dia Nacional da Consciência Negra, durante a 15ª Caminhada dos Capoeiristas do Nordeste de Amaralina (Nucana). Participaram do evento amigos, mestres de capoeira e familiares do garoto, que foi atingido por tiros durante uma desastrosa operação policial militar no bairro, em 21 de novembro de 2010.




Joel pai durante percurso
A caminhada começou às 8h30 com uma roda de capoeira até que todos se reuniram e seguiram do final de linha do Nordeste para a Associação dos Moradores do Nordeste de Amaralina, na Rua do Mestre Bimba. Foram realizados os ritos e trajetos repetidos há 15 anos, agora, após uma década, sem a presença do pequeno capoeira.


“Perder um filho é como perder um pedaço da gente”, lamentou o capoeirista Joel da Conceição, o mestre Ninha, pai do garoto Joel. “Mas eu vou até o fim da investigação da polícia, quero justiça”, clamou o mestre.
“No ano passado, Joel estava com a gente nesse evento”, afirmou Jaime Pereira, o mestre Mico. Lembrança também foi o que restou ao amigo Everton dos Santos, 11 anos (a mesma idade que Joel teria atualmente). “A gente brincava junto, jogava capoeira, era muito legal. Ele era muito alegre e, se estivesse aqui, estaria jogando também”, disse.
Processo judicial - Nove policiais militares são apontados como responsáveis pela morte do pequeno capoeira. Ele são acusados de homicídio doloso triplamente qualificado. A tripla qualificação deve-se ao fato de o crime ter tido um motivo torpe, oferecido perigo comum e impossibilitado a defesa da vítima, segundo denúncia do promotor de justiça do Ministério Público David Gallo. 
São eles os soldados Eraldo Menezes de Souza, 43 anos, apontado como autor do disparo que atingiu Joel no rosto, Leonardo Cerqueira, 36, Maurício Santana, 29, e Robson Neves, 26; o tenente Alexnaldo Souza, 35; mais quatro militares de patentes não reveladas: Paulo Andrade, 40; Juarez Batista, 37; Nilton César Santana, 36; e Luís Carlos Ribeiro, 24 anos.
O processo está em fase de instrução, etapa em que são colhidos os depoimentos das partes envolvidas. Na última quinta-feira, 17, foi realizada a segunda audiência, quando cinco testemunhas de acusação prestaram depoimento na 2ª Vara Sumariante do Júri, no Fórum Ruy Barbosa. Na ocasião, três testemunhas de acusação faltaram à audiência. Elas deverão ser ouvidas em março de 2012. 
A morte de Joel Castro causou comoção na comunidade do Nordeste de Amaralina. O garoto era tido como uma promessa do grupo de capoeira Gingado Baiano. Joel chegou a participar de propaganda institucional do governo da Bahia, vendendo o turismo por meio da cultura baiana afrodescendente. 
Joel foi atingido com dois tiros na cabeça, no quarto, quando se preparava para dormir. Os policiais, segundo relatos e como comprovou a perícia, chegaram atirando indiscriminadamente.
Fonte: A Tarde

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