O transtorno de conduta é um dos distúrbios psiquiátricos mais freqüentes na adolescência, onde se caracteriza por um padrão repetitivo e persistente de conduta anti-social, agressiva ou desafiadora, por no mínimo seis meses (DSM-IV, 2000). Devido à angústia constante em tentar esclarecer as razões que desencadeiam tal comportamento, este resumo apresenta o resultado de um estudo de caso realizado numa escola de ensino fundamental II em Itapetinga-BA, onde teve como objetivo identificar alguns fatores que podem desencadear o comportamento desajustado em estudantes adolescentes, analisar a influência da família no desencadeamento do transtorno de conduta e conhecer a postura da escola frente aos alunos que apresentam algum transtorno de comportamento.
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Lilian Moreira |
A pesquisa adotou uma abordagem de cunho qualitativo, tendo como sujeitos da pesquisa dois adolescentes que apresentavam o transtorno de conduta, sendo diagnosticado por uma psicóloga. Também participaram da pesquisa dois docentes e uma orientadora pedagógica. Para realizar a coleta das informações optou-se pela observação e pela entrevista semiestruturada. Diante das conversas desenvolvidas com os professores e com a orientadora pedagógica comprovamos que os alunos entrevistados possuem baixa condição social, vivem em ambiente de periculosidade criminal, vivenciando grave situação sócio-econômica-familiar. Campos (1987) enfatiza a influência marcante da família no crescimento e desenvolvimento do adolescente e na natureza das relações estabelecidas com outros grupos sociais. O nível sócio-econômico, o grau de escolaridade, o tipo de ocupação, as características da habitação, o relacionamento entre os pais são alguns exemplos de circunstâncias ambientais que moldam as capacidades, atitudes e os comportamentos dos adolescentes. Quanto às questões familiares, pode-se verificar que os adolescentes entrevistados não convivem com os pais biológicos, vivem com os avôs. Constatou-se que os adolescentes não mantêm um bom relacionamento com seus familiares, podendo este, ser um fator responsável pelo mau comportamento manifestado na escola, uma vez que estes, envolvem-se em brigas frequentemente, roubam, mentem, matam aula, usam drogas, não respeitam os funcionários e alunos da escola. Possuem baixo rendimento escolar. Segundo Holmes (1997), a situação familiar é um dos fatores que desencadeia o transtorno de comportamento, pois é o clima emocional que predomina na família: os tipos de atitudes e sentimentos que os membros da família têm uns com os outros que irá influenciar no desenvolvimento dos adolescentes.
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Nádia Amorim |
Autores como Ballone (2003) e Campos (1987) lembram à necessidade do adolescente viver em um ambiente que promova seu desenvolvimento de forma adequada. Percebe-se que os conflitos entre pais e filhos podem ser responsabilizados como favorecedores de uma maior vulnerabilidade do adolescente à ocorrência de problemas que acarretarão na sua vida inteira. Após análise notou-se que disfunções familiares e escolares estão ligadas aos transtornos de conduta nos casos estudados. Existem, além disso, potentes fatores etiológicos (biológicos, de aprendizagem, sociais e demográficos) que podem desencadear de forma particular o transtorno de comportamento. Frente aos resultados, percebe-se a necessidade de ações direcionadas aos educadores, com a finalidade de prepará-lo para lidar com o transtorno de conduta. Além disso, é necessário que a escola execute projetos que atendam as famílias que sofrem com indivíduos que apresentam o transtorno de comportamento, bem como projetos que conscientizem as famílias sobre o seu papel na formação do cidadão. Precisa-se de uma educação que valorize as organizações coletivas e que contribua para a construção da autonomia e o desenvolvimento intelectual dos alunos, a fim de que se conquiste uma sociedade democrática.
Lilian Moreira Cruz
Pedagoga-Especialista em Educação Infantil
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Participa do grupo de pesquisa Infância, Educação e Contemporaneidade da Universidade Estadual da Bahia com a linha de pesquisa Brincar, ensinar e aprender na educação infantil
Nádia Amorim Pereira
Licenciada em Biologia – Especialista em Meio Ambiente e desenvolvimento – Mestranda em Genética, Biodiversidade e Conservação
Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
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