quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Catador que sofre com sumiço de mulher recebe oferta de emprego

Ele disse que só aceitará emprego se tiver onde deixar filha de 7 meses. Homem faz apelo pela volta da companheira. Ele já recebeu doações.
'Não quero dar minha filha', diz catador após sumiço de esposa  (Foto: Ruan Melo/G1)
O catador de materiais reclicáveis, Antônio Santana, de 44 anos, que sofre com sua filha de sete meses com o sumiço da sua mulher desde 2 de agosto, recebeu uma proposta que poderá mudar sua vida. Durante a tarde desta quinta-feira (9) ele recebeu a visita de representantes de uma empresa de serviços elétricos, que ofereceram uma oportunidade de emprego com carteira assinada. Ele comemorou a oportunidade, mas disse que não podia aceitar o emprego antes de saber o que vai acontecer com a filha. “Eu não posso deixar ela sozinha em casa e ir trabalhar”.
'Não quero dar minha filha', diz catador após sumiço de esposa  (Foto: Ruan Melo/G1)
Antes de começar a trabalhar, Antônio Santana terá que conseguir seus documentos de identificação novamente. Ele disse que perdeu tudo há mais de dois anos, quando ainda morava em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano. Uma vizinha do catador, que acompanhava a conversa dele com os representantes da empresa no momento em que eles ofereceram a oportunidade de emprego, também se sensibilizou com o caso e disse que vai ficar com a criança enquanto ele recupera todos os seus documentos. Depois disso o catador deverá procurar a empresa para começar a trabalhar.
Antônio diz que agora tem que conviver com a angústia de não saber o que aconteceu com ela. “A gente estava junto há mais de um ano. Vivíamos bem. Eu era amoroso com ela, era um amor pra lá, um amor pra cá. Ela nunca havia feito isso”, conta. Ele teme que alguma coisa de ruim tenha acontecido com a sua companheira. “Eu não sei o que pode ter acontecido. Com essa violência que está demais, eu não sei. Ela ama demais essa menina”.Visando conseguir uma melhor condição de vida, Antônio diz que há dois anos saiu com sua mulher de Santo Antônio de Jesus rumo a Salvador. “Eu queria montar um café, colocar uns lanches”. Mas ele não conseguiu emprego e passou a trabalhar como catador e ter uma renda entre R$ 20 e R$ 30 por dia. No dia 2 de agosto, a mulher de Antônio Santana, que tem 21 anos, saiu de casa, localizada no bairro de Sussuarana, periferia de Salvador, para enviar uma carta nos Correios e nunca mais voltou.
O morador diz que liga diversas vezes para a mulher na esperança de um dia ela o atender e explicar o que aconteceu. “Eu ligo pro celular dela e só dá caixa. Queria que ela voltasse pra dentro de casa pra cuidar da filha dela comigo. E se ela não quer mais voltar, queria que ela ligasse pra mim pra dizer que não vamos mais ficar juntos”.

'Não quero dar minha filha', diz catador após sumiço de esposa  (Foto: Ruan Melo/G1)'Não quero dar minha filha', diz catador após
sumiço de esposa (Foto: Ruan Melo/G1)

Doações
Agora que cuida sozinho da sua filha ele não pode mais trabalhar e sobrevive com a doação de pessoas que acompanham a sua situação. “Eu fico 24h por dia com ela. Para onde eu vou ela vai comigo. Depois que ela acorda, eu dou comida, lavo fraldas, boto pra dormir e só depois consigo fazer outras coisas”. Ele lembra que uma mulher já se ofereceu para ficar a sua filha. “Uma mulher disse que queria cuidar da menina e registrar ela como se fosse a sua filha. Eu disse que não, que quero cuidar da minha filha”. Na tarde desta sexta-feira o G1 acompanhou o morador, que recebeu diversas ligações de pessoas que ofereciam alimentos para ele e sua filha. Mas ainda faltam algumas coisas dentro de casa. “O aluguel está atrasado porque não tenho mais condições de pagar R$ 160 por mês. Tem a água também, que eu preciso. Eu não tenho filtro e a menina bebe água da torneira”. Antônio Santana informou ainda que não registrou o sumiço da esposa em nenhuma delegacia da capital. Segundo o Conselho Tutelar, como o catador é o pai da criança, ele tem a guarda legal da menina. Em relação as condições de sobrevivência do pai, o Conselho informou que ele pode comparecer à sede da unidade e deixar a filha para adoção.
Para quem tiver interesse em ajudar, a Rede Bahia de Comunicação está recebendo donativos para Antônio e a filha. Para doar é preciso levar os produtos até a sede da instituição que fica localizado na rua Aristides Novis, nº 123, Federação, na capital baiana. O período de doações é entre a segunda-feira (18) a sexta-feira (22), das 9h às 18h.

                        Fonte: G1 BA

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