quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fumo na adolescência – informação é a chave

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Fumar é hábito antigo. Que vem desde a época do descobrimento da América. Esse costume que foi criado e difundido por adultos tem feito parte da vida de cada vez mais crianças. Isso porque indústria e comércio descobriram que o vício e a dependência são ainda mais profundos quanto mais cedo iniciados. “O tabagismo é reconhecido pela OMS como uma doença pediátrica, pois começa ainda nos verdes anos da puberdade, prolongando-se em 90% dos casos ao período da adolescência”, conta o diretor do Núcleo de Estudos e Tratamento do Tabagismo da UFRJ Alberto Araújo. Como provam os estudos, “em poucos anos, o jovem passa do consumo esporádico a um consumidor habitual, com a tolerância e a progressão para a dependência, o que leva o adolescente a saltar de seis cigarros para um maço por dia, quando inicia a vida adulta”, explica. No início tudo é onda. Um amigo aqui e outro ali, ambos fumantes, perguntam, incitam, sugerem, instigam. Um pouco menos de informação e, quando o jovem menos percebe, começou a fumar. Isso, como dizem os médicos e especialistas, costuma ser uma rua de mão única. O adolescente sempre pensa que para se quiser, que só se vicia quem não tem controle. Só que com o tabaco não há controle. O corpo cria dependência física e involuntária da substância química tornando, na maioria dos casos, muito difícil afastar-se do hábito de fumar.
Uma das maneiras de introduzir o cigarro na vida de uma criança ou adolescente é a publicidade. A quantidade de vezes que uma criança vê a propaganda de um cigarro, um produto à venda ou mesmo a imagem do fumo atrelada a bons costumes e vida farta é imensa. O especialista Alexandre Milagres experimentou fazer uma pesquisa que consistia em saber quantas vezes um jovem tinha contato com um cigarro, por exemplo, ao caminhar 3,5 km nas Ruas Ataulfo de Paiva e Visconde de Pirajá, na Zona Sul do Rio, e descobriu que seria possível comprar o produto em 95 pontos diferentes.
Alguns estudiosos comprovaram também que a maior parte dos esportes radicais e eventos de grande porte, como corrida de motos, inclusive a Fórmula 1, costumam ter produtoras de cigarro como patrocinadoras. Isso acaba atrelando o nome à imagem. O adolescente, inconscientemente, associa o nome à sensação de liberdade, prazer, rebeldia, juventude e vida (exatamente o que cigarro toma ao longo do tempo). Algumas propagandas de cigarro chegam até a vir com slogans como “Seja livre para escolher” ou “Fume com moderação”, entre outras frases curiosas. O engraçado é que o fumante não é livre, é um dependente, ele não faz escolhas, só segue um padrão fisiológico – o que também invalida a palavra moderação na caixa do cigarro.
Mais de 90% dos fumantes adultos começam antes dos 18, em média entre os 11 e 13 anos. Por isso, a OMS já declarou temer pela morte de 750 milhões de adolescentes. Só no Brasil, 30 mil crianças são fumantes habituais entre 5 e 10 anos de idade. De acordo com uma pesquisa do Datafolha, o cigarro é o segundo produto que os jovens mais se lembram de ter visto à venda em locais de compra rápida como bancas de jornal, padarias, supermercado, lojas de conveniência etc. 37% dos entrevistados na pesquisa dizem que ver outras pessoas fumando influencia a querer experimentar. Isso pode ser um dado alarmante, pois 70% dos jovens admitem ser permitido fumar em ambientes fechados dentro das casas noturnas ou bares que frequentam. E 75% dizem ser contra o fumo nesses ambientes fechados. Sempre que saem ou fazem um passeio casual, esses jovens ficam expostos a produtos à venda em cada esquina, além de pessoas fumando em qualquer ambiente, mesmo em locais fechados.

“Como não há conscientização adequada, a curiosidade e a imitação de atitudes fazem com que meninas e meninos resolvam experimentar a droga. Dado o seu poder escravizante (viciante), o movimento que parte da experimentação fugaz para o uso regular é imperceptível. Entretanto, mesmo para jovens recém-tornados dependentes, a saída do processo não é tão simples quanto foi a sua entrada nele”, resume o médico especialista Alexandre Milagres. Dos entrevistados, 47% costumam ver alguém em casa fumando de vez em quando.
Para Alexandre, essa situação de exposição do tabagismo precisa mudar. Crianças e adolescentes são a chave na luta contra o tabagismo. Se a criança convence um pai fumante, não necessariamente ela o faz parar de fumar, mas, com certeza, deixa de ser um adulto fumante em potencial.
Como transformar crianças em multiplicadoras dos males do cigarro? Informação e conscientização. “Os jovens não têm que ser alertados para o problema, eles têm que ser seduzidos a participar de sua solução. A energia desta juventude linda que está por aí pode e deve ser canalizada para contribuir para o movimento mundial de banimento do fumo do planeta”, conclui Milagres.

Fonte: Conexão Professor. Disponível no link: <http://www.conexaoprofessor.rj.gov.br/especial.asp?EditeCodigoDaPagina=360>. Acesso 29/07/2013.

Informação Adicionais: 
Influenciadores do fumo na Adolescência: 
Alguns fatores que levam um adolescente ao tabagismo
AMIGOS Quando a turma toda fuma, as chances de ele também começar a tragar se multiplicam.
IRMÃOS O mais velho já é fumante? Então o risco de o mais jovem entrar nessa é enorme..
PAIS Crescer em um ambiente de tabagistas induz ao hábito. Para piorar, pesquisas mostram que a dependência química pode ser herdada.
DESEMPENHO ESCOLAR Ninguém sabe o porquê, mas jovens que não vão bem na escola são os que começam mais cedo a dar suas baforadas e, ainda por cima, fumam mais.

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