sexta-feira, 14 de junho de 2013

Erradicação do Trabalho infantil é discutido em Itapetinga: Uma luta de todos!

Por: Gilson Vasconcellos
Foi realizado na tarde desta quinta – feira, 13, no Auditório do Colégio Modelo Luiz Eduardo Magalhães o Seminário sobre o Trabalho Infantil. O evento contou com as participações de Drª Rosemeire Lopes, Juíza Federal do TRT-Tribunal Regional do Trabalho, Drª Ana Carolina Vieira Ribemboim e Dr. Luiz Felipe dos Anjos de Melo Costa - MPT - Ministério Público do Trabalho -; Dr. José Junseira de Almeida do MPE - Ministério Público Estadual. Ainda contou com a presença do vereador Marcos Gabrielle(PT), Matheus Salóes, representando a Secretaria de Educação, Cris Nunes, Coordenadora da Proteção Social Especial da Secretaria de Desenvolvimento Social, também do presidente do Conselho Tutelar Clébio Lemos.
Mais de 200 pessoas foram prestigiar a programação quando foram debatidos entre professores, agentes de saúde e representantes de programas como PETI e Projovem, vários pontos sobre Erradicação do Trabalho Infantil. Drª Rosemeire Lopes, Juíza Federal do Trabalho, uma das organizadoras do evento apresentou alguns vídeos que abordaram o tema, chamando a atenção para os perigos que existem na formação da criança e adolescentes. Ela avaliou o evento como bastante positivo. “O debate foi muito rico, tratamos com um debate sobre o trabalho doméstico infantil a exibição de um vídeo falando sobre os prejuízos não só a saúde mas também psicológicos. A II Semana de Erradicação do Trabalho Infantil está sendo um sucesso aqui em Itapetinga, contamos com várias parcerias e o resultado de tudo isso que estamos realizando, será obtido pela sociedade no futuro”, destacou ela.
O Promotor de Justiça Dr. José Junseira Almeida de Oliveira citou que foi feito um levantamento e cerca de 120 crianças estão atuando em Itapetinga. Segundo eles, vários fatores levam a exploração do Trabalho Infantil é devido a quantidade de filhos no ambiente familiar, baixa renda familiar, sub-emprego, baixa qualificação o que gera um círculo vicioso. Ainda segundo ele o investimento em capacitação profissional pode mudar a situação, mas no entanto, a sociedade tem que agir, a revolta não pode ser latente. “É extremamente proveitoso, mostrou o interesse da comunidade e facilitou muito o diálogo com a sociedade. Dando oportunidades para a comunidade se expressar e o Poder Público possa atender os anseios do povo. Foi plantada uma semente aqui e esperamos colher bons frutos no futuro”, disse ele.

Nossa reportagem acompanhou o evento desde o início e indagou alguns estudantes na tarde desta quinta a respeito da Erradicação do Trabalho Infantil e constatou de acordo com as opiniões que o fator social tem influenciado no ingresso de crianças no mercado de trabalho. Um estudante que vai fazer 15 anos no próximo dia 25 de Junho e cursa a 7ª série ou 8º ano disse que é a favor em começar a trabalhar cedo. “Tenho que trabalhar para comprar minhas coisas”, disse ele. O garoto que almeja ficar famoso sonha em um dia ser jogador de futebol ou advogado, assim como ele muitos jovens da mesma idade deixam de brincar para comprar algo que desejam.
Um dos fatores que debatido nesta semana que tem levando muitos jovens a ingressar tão precocemente no mercado de trabalho é o consumismo. O desejo de obter algo que está na maioria das vezes longe do alcance do poder aquisitivo, leva o jovem a trabalhar informalmente. Também o fator social influencia a iniciativa. É o caso de outro adolescente de 16 anos. Ele cursa a 8ª série ou o 9º ano e para ganhar um extra, vende DVDs piratas nas horas vagas. Filhos de pais que residem na zona rural ele mora com a tia na cidade e como tantos outros que engrossam o êxodo rural, buscam uma luz ao sol. “Muitos adolescentes procuram trabalho, pois em muitos casos os pais não ligam para a própria educação de seus filhos”, ressaltou ele, sendo a favor de iniciar a trabalhar cedo. Além de comercializar DVDs nas horas vagas que está fora da sala de aula, o jovem que sonha em ser cozinheiro, arrisca em dizer que capricha em uma boa lasanha e aguarda ser chamado para trabalhar nos finais de semana, em um clube da elite local como “cumim”, uma espécie de assistente de garçom.
Ambos os jovens citados anteriormente residem em áreas menos assistidas pelo poder público, onde o saneamento, assistência à saúde e o incentivo à prática do esporte ficam a desejar. É como se fosse uma válvula de escape, uma fuga, buscar uma ocupação bem vista, do que ingressar no mundo do crime como o tráfico de drogas. Como um deles mesmo citou é melhor trabalhar do que ficar com a mente vazia. Daí a importância do investimento no social. Oposto as opiniões deles uma jovem de 15 anos, sonha em um dia ser bióloga marinha. Segundo ela, lugar de criança é na escola. É preciso estudar para mudar a situação. É também a opinião da jovem de 15 anos e cursa o 3º ano do ensino médio e deseja estudar fazer faculdade de Odontologia, citou o ponto fundamental que causa o ingresso de tanta criança no mercado de trabalho. “Na maioria das vezes a baixa renda familiar é o motivo para que muitos jovens, deixam de estudar ou dividem o tempo na escola e trabalhando, para conseguir adquirir algo que desejam quem muitas das vezes não tinha condições de obter”, enfatizou a jovem. Filha de pais separados ela mora com a avó. Apesar da idade ela é um pouco mais consciente que alguns jovens da mesma idade. “Eu sempre morei com minha avó e tudo que sempre quis foi estudar e cursar uma faculdade para suprir minhas necessidades. Vejo amigos terem coisas melhores que eu, as vezes tenho eu sinto vontade de ter as mesmas coisas, isso me faz ter vontade de trabalhar, mas sei que o trabalho não é para criança, é coisa de adulto, mas muitos pais não ajudam, não procuram melhorar a condição dos filhos e deixam à vontade e eles acabam trabalhando e isso alimenta o trabalho infantil”, desabafou a jovem.
A colega de sala da adolescente. enfrenta uma situação um pouco mais complicada. A garota de 17 anos, mora com a mãe, um irmão, o padrasto e um filho dele e somente a mãe trabalha para sustentar a casa. “Eu sinto vontade de ter as minhas coisas, comprar uma calça, mas aí tenho que pedir a minha mãe, só que somente ela trabalha a renda familiar é baixa, daí sinto a vontade de trabalhar. Como sempre conversamos eu e minha amiga, aí chegamos a conclusão que a saída é estudar mesmo e com isso no futuro ter um trabalho que possa nos manter sem depender de nossos pais”, citou ela que sonha em fazer um curso de medicina.
Segundo Cris Nunes uma das organizadoras do evento, muitos jovens que praticam crimes e que também ingressaram no mundo das drogas, enfrentaram esse tipo de problema. "A batalha contras as drogas tem tudo a ver com a erradicação do trabalho infantil. Afinal a criança que está na rua vulnerável, trabalhando (entre aspas) está aberta ao uso e tráfico de drogas. Todo adolescente que usa arma para matar seu semelhante teve um história de trabalho de infância, sendo vulnerável para os traficantes atraírem para o mau caminho”, enfatizou.

Cumprindo com seu papel levando informação aos formadores de opinião, ações como a II Semana de Erradicação do Trabalho Infantil, evento realizado em todo o país e muito bem conduzido em Itapetinga pela Drª Rosemeire Lopes, Juíza do Trabalho(Ao centro na foto ao lado), chama a atenção para o grave problema presente bem ao nosso lado. Recentemente muitos pais de famílias de Itapetinga e região perderam seus postos de trabalho provenientes da indústria calçadista que está aos poucos abandonando a região e deixando uma herança que vai gerar sérios problemas financeiros e consequentemente sociais.
Cabe então aos poderes públicos, através dos que alardeiam e se dizem nossos representantes, eleitos pelo voto direto a discutir, criar e gerar mecanismos que possam gerar novos postos de trabalho -acredita-se que vai ser difícil chegar a marca de mais de 20 mil empregos que um dia já foram gerados - incentivar o quem sabe o empreendedorismo para que possa mudar o enredo dessa história. É necessário que eles sejam bastante habilidosos pois as consequências poderão ser desastrosas, com pais desempregados e consequentemente seus filhos em busca de meios para se manter, e manter a família, abortando muitos dos sonhos, como os citados nesta reportagem. São sonhos e desejos que se incentivados e cabe a cada um também fazer a sua parte, que se realizados, podem mudar quem sabe a história que aqui escrevemos atualmente.

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