sábado, 7 de janeiro de 2012

Viciados são realmente uma preocupação?


Agência Estado
Eu ia escrever sobre como os políticos brasileiros já foram mais espertos em esconder seus reais interesses por trás de algumas atitudes, operações e decretos. Quase sempre eram travestidos em nome do "interesse público", de "bem comum". Ia escrever sobre a tortura (sim, TORTURA) que o governo e a prefeitura de São Paulo estão aplicando na população da Cracolândia que visa infligir "dor e sofrimento" nos viciados. Induzir a uma brutal síndrome de abstinência para que estes "busquem" ajuda, larguem do vício. É uma idéia tão idiota que nem saberia por onde começar. É bastante óbvio que a preocupação dos poderes públicos não é com a saúde pública, com os viciados que se tornaram praticamente zumbis.
A operação feita durante esta semana, com bombas de gás lacrimogênio, tem apenas a intenção de limpar a área da cracolândia e "revitalizar" o entorno. Por "revitalizar" entendam o processo de gentrificação, uma bonita palavra para expulsar os pobres e indesejados de um local pra valorizar o preço dos imóveis e, assim, atrair pessoas mais "selecionadas", "de bem".
E a população expulsa? Bem, ela que se vire, afinal o objetivo é apenas tirá-la de lá, não importa o que aconteça com ela. O sonho do gentrificador é que ela suma das vistas pois assim não constitui problema. Este só existe se for público, se tiver voz, se for visível.
Assim o poder público atende, sem máscara nenhuma, aos interesses imobiliários que lucrarão fortunas e ganha aplausos daqueles que acham que sua cidade deve ser a imagem e semelhança do seu condomínio, sem lojas feias, sem gente feia.
Isso sempre foi feito, mas com uma estratégia que mascarava os interesses por trás das ações e os ganhadores. Mas a fascistização da sociedade chegou a tal ponto que nem mesmo as máscaras são necessárias. Infligem dor e sofrimento, tratam a população com sadismo, ora guetificando-a, ora dispersando-a, para atender interesses não-tão-escusos de alguns, e para aplauso geral.
Pensando bem, eles continuam espertos: os burros somos nós.
Fonte: Yahoo

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