sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Tráfico impõe 'toque de recolher' em bairro de Salvador, afirmam populares


Castelo Branco, Salvador (Foto: Reprodução TV Bahia)
Uma quadrilha de tráfico de drogas, sediada no bairro Castelo Branco, em Salvador, determinou um ‘toque de recolher’ durante a noite de quinta-feira (5), de acordo com pessoas que moram ou trabalham no local. A loja de uma grande rede de supermercados, que ficaria em frente a um ponto de comércio de drogas segundo populares, precisou encerrar o expediente às 20h, uma hora antes do habitual, conforme afirma um de seus funcionários, que não quer ser identificado. “Eles disseram que iam fazer uma rebelião. Deram aviso para fechar a porta, não ficar no ponto de ônibus [o da rua]. Nós fretamos um transporte para levar o pessoal”, comenta a fonte, durante conversa com a equipe do G1. A intimidação ordenava que as pessoas não circulassem na rua a partir das 21h.
A mesma informação foi repassada por um morador do bairro, que, por segurança, também prefere ter a identidade ocultada. Segundo o relato, alguns traficantes se encontram diariamente na barraca, sempre em porte de armas. Apesar da ilegalidade do fato, ele diz que o grupo não tem o hábito de provocar os moradores no cotidiano. Ambas as fontes indicam que o ‘toque de recolher’ foi anunciado pela primeira vez e teria sido incitado por retaliação à morte de um dos integrantes da quadrilha, ocorrida durante guerra para liderança de um ponto de comércio de drogas no bairro.
A 47ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), lotada no bairro Pau da Lima, mas que faz a segurança da área, informa que a ocorrência sobre o ‘toque de recolher’ foi registrada na noite de quinta-feira, mas a equipe fixa no bairro constatou que se tratava de um 'boato para assustar a população'. Segundo a unidade policial, existe o controle na segurança do bairro, gerado pela presença diária de um efetivo composto por oito policiais.“A barraca funciona como se fosse uma lavagem de dinheiro. Meia hora após essa morte, ocorreu outra nas imediações da 4ª etapa [região do bairro] e eles começaram a soltar fogos. Existia outra barraca há meses atrás [funcionando para o tráfico], mas o dono foi assassinado”, explica. A fonte explicita ainda que o toque de recolher foi obedecido pelos moradores e funcionários, pelo menos na Rua Marechal Castelo Branco. “A rua ficou parada, sem nada, ninguém movimentando. Os familiares ligavam para quem estivesse chegando não vir. O tráfico de drogas está exagerado. Eles cheiram cocaína em frente às casas. A população não tem nada a ver”, comenta a fonte.

A assessoria da Polícia Militar informou que Castelo Branco é um bairro residencial e que não tem característica que o enquadre como de violência alarmante. Ainda conforme a assessoria, a prática de 'toque de recolher', cujo objetivo é cercear a liberdade das pessoas, oficialmente não é rotineiro em nenhum bairro de Salvador. A PM relata que, em geral, a intimidação surge como brincadeira, mas pode tomar uma proporção maior e gerar transtorno à comunidade. A PM também informou que um módulo policial está sendo reativado na região.

Outro morador do bairro, que não estava na rua no momento da suposta ameaça, afirmou que ouviu a notícia do 'toque', mas que teria sido ‘brincadeira da molecada’.
Fonte: G1 BA

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