quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Mapa da Violência 2012 mostra que os jovens são principais vitimas de homicídios no país


Em sua 12ª edição, o levantamento traz dados desde 1980 que possibilitam uma visão panorâmica da perspectiva do fenômeno da violência homicida no país. Possui dados das 27 unidades federativas, 33 regiões metropolitanas, 27 capitais e 5.564 municípios. Resultado: as taxas de homicídios estagnaram no Brasil, mas a análise delas comprova a migração do crime para regiões que antes não passavam por essa situação. E revela ainda que as principais vítimas são a juventude brasileira. A pesquisa apresenta que, por um lado, os números de homicídios estagnaram, porém as taxas são altas. Esse cenário piora, quando nota-se que esse tipo de violência aumentou em áreas de menor densidade e peso demográfico, conhecidas como regiões pacíficas.
Medo da violência
Tão fato já foi discutido por um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS) sobre Segurança Pública, divulgado no início deste mês (2/12), em Brasília. O levantamento revela que cerca de 90% dos brasileiros têm medo de sofrer crimes de homicídios, assalto a mão armada e arrombamento de residência e o medo de agressão física chega a 70%. Já o medo da violência se destaca no Nordeste, em que o percentual entre os entrevistados com muito medo de assassinato é de 85,8% contra 78,4% no Norte e Sudeste.

Interpretando os números
É possível verificar o número total de homicídios de 13.910, de 1980, para 49.932, em 2010. O aumento foi de 259%. Já a outra tabela de evolução das taxas de homicídio mostre que entre os anos 2003 e 2010, o crescimento foi negativo. No entanto, o estudo comenta que as quedas significativas aconteceram em 2004 e 2005. Os fatores que podem ter contribuído para a redução são muitos, como: políticas de desarmamento, planos e recursos federais e estratégias de enfrentamento de algumas unidades federativas.

Nesses 30 anos o Brasil já ultrapassou um milhão de vítimas de homicídio. “Vemos que a média anual de mortes por homicídio no País supera, e em casos de forma avassaladora, o número de vítimas em muitos e conhecidos enfrentamentos armados no mundo”, de acordo com trecho retirado do estudo. Ele ainda afirma: “A gente não consegue ver a concreticidade dos fatos. Em 30 anos, está o número total de mortos igual a uma cidade inteira morta com uma bomba atômica, por exemplo. No Brasil, um País sem conflitos políticos, nem étnicos e religiosos, nem de fronteira, mataram mais gente do que esses países em conflito, em guerra, ou em guerrilha”.

Antes pacíficos, hoje líderes de violência
A tabela de ordenamento das unidades federativas por taxas de homicídio, entre 2000 e 2010, mostra um aspecto interessante: Alagoas lidera o ranking, com 66,8, em 2010, sendo que 2000 sua taxa era de 25,6. Em segundo está Espírito Santo (50,1) e, logo em seguida, está o Pará (45,9). Por outro lado, houve uma queda em estados, como São Paulo e Rio de Janeiro. No estado paulista, essa taxa baixou de 42,2 para 13,9. Já, no Rio de Janeiro, a taxa de 2000 era 51 e reduziu em 2010 para 26,2.

O estudo mostra também a evolução das sete unidades federativas com as menores taxas de homicídio no ano de 2000. Entre os anos 1980 e 1999, o Brasil passou de 11,7 para 26,2 homicídios em 100 mil habitantes, representando um aumento de 124%. Nesse mesmo período, os sete estados mais violentos no ano 2000 cresceram 175,7% e os 17 menos violentos no mesmo ano cresciam de forma mais moderada: 48,5%.

Para justificar essa disseminação dos casos de violência homicida, o pesquisador citou que com o aumento dos pólos de crescimento econômico, traz violência a locais sem tanta infraestrutura, além de outros fatos: zonas de fronteiras; turismo predatório; regiões marcadas por ações de desmatamento de sua mata original; e a bandidagem tradicional. Ele também ressaltou a cultura da violência em países da América Latina.

O estudo também possui taxas de homicídio e índices de vitimização por raça/cor. Lá é possível notar que apenas no Paraná é o local que mata mais pessoas brancas do que negras. Em outros Estados, morre-se mais negros do que brancos. Na Paraíba, por exemplo, para cada branco morto, morre 17 negros. Quando o pesquisador questiona por que isso ainda acontece, ele mesmo responde: “a morte do branco é um crime mais visível. Negros mortos em bairros mais afastados não repercutem tanta mídia”. Leia a matéria sobre a diferença de homicídios por raça/cor aqui.

População jovem morre mais
Outro dado importante é a vitimização juvenil. Há uma elevada concentração dos casos de homicídios na população jovem do País. Entre 15 e 19 anos de idade, essa taxa é de 43,7%, já entre 20 e 24 pula para 60,9%, enquanto de 25 anos até 29 atinge 51,6%.

O estudo trouxe dados do Sistema de Informações de Mortalidade do Ministério da Saúde que registrou 1,1 milhões de vítimas de homicídio. Indica que apenas um grupo pequeno de cidades, 13, por exemplo, alcançou esse número de habitantes no censo de 2010. Com essas estatísticas de mortalidade, no ano de 2010, 50 mil assassinatos no Brasil, com um ritmo de 137 homicídios diários.

Na conclusão do Mapa da Violência 2012, fica registrada a necessidade de políticas públicas para resolverem reformulações e deslocamentos. Sugere inclusive maior diálogo dessas políticas em diferentes esferas (nacional, estadual e municipal) sobre segurança pública. O diretor responsável pela pesquisa comentou que os conflitos dos países da América Latina também podem influencia a cultura de violência no Brasil.

Confira a publicação na íntegra na Biblioteca do Portal ANDI.

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